Joaquim Letria
Professor Universitário
O verbo merecer tem muita piada se pensarmos um pouco nele. Se se emprega dirigido a uma pessoa, significa que esta se converte em digna de um prémio ou de um castigo. Empregue referindo-se a uma coisa, que tenha um certo apreço ou estimação, há objectos que não merecem o que custa, só aquilo que valem.
Tempos atrás também se usava este verbo com o sentido de “conseguir ou alcançar algo que se intenta ou deseja, ou seja “lograr algo”, como “finalmente mereceu-o”!
Como verbo intransitivo, significa criar méritos, fazer boas acções, construir obras excelentes, ser digno de prémios. Na sua forma verbal pode igualmente significar “merecer o bem de alguém”, ou “ser credor da sua gratidão.”
Hoje, a juventude tem dificuldade em saber o que quer e vive pendurada dos “SmartPhones” em vez de contactar os outros directamente, receando um não, desprezando os demais e tendo medo dum rotundo fracasso nas suas ténues e díspares ambições
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Vêm estas reflexões a propósito duma expressão que é agora muito utilizada nos programas de famosos, pouco famosos e nada conhecidos que animam as TVs que vivem dessas especulações a que “alegadamente” (como eles dizem) se entregam. Por exemplo: ”Fulana de tal, depois da sua ruptura sentimental, sai agora à noite com um novo namorado, porque merece ser feliz”.
“Fulano viu abrirem-se-lhe as portas do sucesso e foi convidado para uma série nova no Brasil, para onde parte já na próxima semana. Ficamos muito contentes, porque ele merece-o!” Isto deixa-me feliz por ver tanta gente recompensada por tão pouco e com quase nada. Assim se saiba agradecer o pouco para merecer o muito…
Mas deixa-me um travo amargo na boca ao recordar os nossos pais e nossos avós que tanto fizeram para nos dar algo e fazerem de nós alguma coisa, praticamente sem receberem nada em troca. E eles mereciam-no!