Editorial

O procedimento racional está a desaparecer
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Jorge VER de Melo

Somos animais racionais, funcionamos de modo diferente dos outros animais, os irracionais.

Mas parece que esse bom senso está a divergir para um senso comum perfeitamente disparatado e completamente irracional, senão vejamos.

Verifica-se diariamente que os criminosos têm melhor tratamento do que as suas vítimas. Pois têm onde dormir, comida, assistência médica, ginásio e outras regalias que estão perfeitamente bem, mas ao compararmos com os restantes cidadãos e até com a forma desumana como tratam as vítimas das agressões desses mesmos criminosos, as coisas tornam-se até ridículas.

Não será falta de bom senso?

O comum cidadão teria uma solução fácil, ao ser assaltado, não lhe é permitido defender-se do agressor, mas se o fizer é condenado, vai para a prisão e já pode ter tudo o que até então lhe faltava. Uma assistência com o tal bom senso que tem faltado nos seus direitos até aquele momento.

Não será falta de bom senso?

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Não estamos a incentivar ninguém a tomar essa atitude, mas dá para avaliarmos facilmente o “mau senso comum” existente nos países chamados evoluídos como o nosso Portugal.

Agora que começa o ano letivo, lembramos imensos pais que criticam os professores quando estes exercem a sua profissão. Quem leciona está convencido que procede segundo os melhores métodos pedagógicos. Mas, recebem como prémio os maus tratos dos pais e dos governos, sempre no sentido do facilitismo e não do rigor, do profissionalismo e da justiça.

Podemos dar como exemplo, a quantidade de habilitações falseadas, até de alguns políticos que deram um péssimo exemplo ao país. Depois dessa atitude altamente reprovável, injusta e até criminosa, continuam a sua vida como se nada tivesse acontecido, dando a entender que se tratou de simples lapso na comunicação da sua formação profissional para os cargos que lhes são distribuídos.

Mas, com alguma insistência, temos assistido ao desrespeito da parte dos governos pelos professores e pelos restantes colaboradores pedagógicos. Podemos lembrar que durante alguns anos tiveram:

– Os congelamentos das carreiras;

– Os congelamentos dos vencimentos;

– A diminuição dos vencimentos;

– As repentinas e desajustadas alterações das regras dos concursos para colocação de professores;

– A insistência nos contratos a prazo, etc.

Sendo a educação o pilar fundamental para a estrutura do futuro de um povo, insistem em desmotivar quem ensina e quem aprende. Gastam um dinheirão em escolas que não podem funcionar pela falta de verbas para a sua própria manutenção e depois, incentivam os recém-formados a emigrar porque lhes pagam miseravelmente sem conseguirem encontrar forma de viabilizar a sua empregabilidade no país. E lá diminui a natalidade!…

Não será falta de bom senso?

Na saúde passam-se situações sensivelmente iguais, outras mais graves ainda porque se no ensino os formados vão para outros países entregar os impostos e o resultado dos seus estudos, na saúde perdem os formados e seus impostos e morrem os doentes por falta de assistência. Os cidadãos são Seres Humanos com direito à vida, também pagam taxas para ajudar a sustentabilidade do país.

Não será falta de bom senso?

Se quisermos comparar a vida de um humilde reformado que trabalhou dezenas de anos para receber, na maioria dos casos, um valor que não lhe dá nem para pagar a sua própria sobrevivência. Existem situações em que na assistência à saúde, tal como na compra dos medicamentos, aguardam melhores dias porque não recebem dinheiro que chegue sequer para o fundamental.

Quem governa tem que ponderar estas situações e tomar decisões menos distanciadas da vida real. Se não há dinheiro, não existe para todos: políticos, cidadãos honestos e cidadãos desonestos. Agora, se conseguem verbas que estão muito acima da realidade do país, para os vencimentos de alguns políticos e se podem tratar os criminosos de forma tão humana, têm que se lembrar dos restantes cidadãos!…

Todos sabemos que a democracia envolve igualdade de direitos e a justiça tem um papel diferenciado da política, por isso, ela tem que ser aplicada por igual a todos os cidadãos, sem exceção. Não é nesse modelo político que nos encontramos?

Por coincidência, no nosso país existiram até agora governos com muita falta de bom senso, mas temos esperança que num futuro próximo, tal como nos países com democracia mais adulta, venhamos a desfrutar de uma justiça mais célere e distanciada das imposições políticas.

Já começa a preocupar-nos o facto dos políticos com problemas judiciais, evitarem a justiça por manipulação dos processos que  se arrastam durante vários anos até prescreverem. Tudo isso com pouco conhecimento público devido à divulgação notíciosa demasiado discreta, tal como acontece com os decretos que os favorecem relativamente a qualquer outro cidadão.

São situações que devem ser resolvidas urgentemente pois estão a por em causa a seriedade de quem nos governa sabendo nós que a maioria dos políticos são pessoas que pretendem ter a máxima lisura na sua atividade profissional.

Será que pretendem continuar com esta falta de bom senso? Não!…

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