Editorial

CONSUMO EXCESSIVO
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Jorge VER de Melo

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Jorge VER de Melo

Consultor de Comunicação

As pessoas deixam-se embalar pelas facilidades oferecidas e depois é que são elas.

Parece que esta história do crédito ao consumo vai passar a ser controlada para disciplinar de certa forma o mercado selvagem que está montado com esquemas provocadores da falência das pessoas e até de famílias completas.

O Banco de Portugal, devido ao agravamento generalizado do consumo resolveu estabelecer, em 1 de fevereiro de 2018, regras para a restrição de créditos à habitação e ao consumo.

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Assim, passaram a ser aplicadas a partir de 1 de julho, orientações como:

– Os consumidores apenas podem comprometer metade do rendimento total de cada família;

– Autorizam somente 90% do valor do imóvel no empréstimo para habitação;

– Término de qualquer contrato até aos setenta anos;

– Com a duração máxima de 40 anos;

– Para créditos com outras finalidades apenas podem aceitar a garantia de 80% do valor dos valores que possuem e

– O máximo de 10 anos nos contratos para pagamento dos empréstimos.

É vulgar ouvirmos dizer, “vou comprar porque eu também mereço”. Todos merecemos tudo que há de bom neste mundo, só que temos de ganhar para pagar. Não há milagres, neste sistema económico, se queremos viver realmente felizes temos que produzir no mínimo para o que gastarmos. Claro que o ideal é conseguirmos amealhar algum para as dificuldades ou doenças que possam surgir. Uma segurança para as eventualidades.

Com as festas natalícias, a generalidade das pessoas excede-se um pouco mais no consumo, imaginam que dessa forma consegue mais facilmente atingir a felicidade.

Na realidade, ao vermos as outras pessoas felizes também nos sentimos igualmente felizes, isto se o tal consumo for em favor de outros como: os familiares, os amigos ou pessoas necessitadas.

Mas o que acontece mais assiduamente é que o Ser humano tem tendência para exagerar no crédito ao consumo, até porque naquele momento não nos apercebemos do que vamos pagar mais tarde, nem se existem possibilidades de cumprir os pagamentos com os quais nos estamos a comprometer.

Este grande problema está recheado de contradições e de ratoeiras para os mais incautos.

Senão vejamos:

– Instabilidade no emprego;

– Falta de trabalho que chegue para todos;

– Salários nivelados por valores mínimos e

– Ausência de prémio para os mais competentes;

Mas o problema agrava-se mais porque, depois do “25 de abril” todos quiseram dar aos filhos aquilo que não conseguiram para eles quando tinham a mesma idade e assim foram-nos habituando a uma qualidade de vida um pouco acima das capacidades futuras.

Surge então uma juventude carregada de exigências e sem capacidade monetária para as manter.

Esta situação tem vindo a agravar-se numa parte que pretende conservar o estado de adolescente por toda a vida. Não pretendem perder a sua liberdade nem adquirir obrigações, mas comprometem por vezes a sobrevivência dos progenitores devido ao crédito ao consumo para comprar um carro ou uma mota que lhes dará status social superior.

Os responsáveis pelo ensino têm que pensar seriamente em programar uma disciplina que ensine os alunos a governar o seu dinheiro e a controlar a vontade de compra.

Para muitas crianças, possuir um determinado objeto, como por exemplo, um telemóvel de certa marca, é quase considerado algo fundamental para a sua existência. Estas coisas vão-se transformando em pequenas modas que por fim lhes atribuem elevado status perante os amigos.

Será que a vida é tão mesquinha como isso?

Às tantas, até é!…

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