Editorial

Corrupção em Portugal, destaque na OCDE
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Jorge VER de Melo

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Jorge VER de Melo

Consultor de Comunicação

A OCDE (Organização para a Coordenação e Desenvolvimento Económico) começa por afirmar que “a corrupção em Portugal dá um sinal externo muito negativo”.

O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, ficou muito ofendido porque a nossa corrupção foi posta ao nível da Nigéria e do Iraque. Com toda a razão, até porque esses problemas já deveriam ter sido corrigidos há vários anos. Estaríamos com a economia em muito melhor estado.

Ela provoca atrasos medonhos em tudo que se possa querer realizar pois existem sempre gananciosos que pretendem atingir lucros fáceis aproveitando a criatividade e o trabalho dos outros, ou seja, roubando e passando por cima de tudo que é moralmente correto, incluindo a própria Lei.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Corromper significa tornar pútrido, deriva do latim corruptus, ou seja, quebrado em pedaços.

Podemos então definir corrupção como a utilização da autoridade ou do poder para conseguir obter vantagens utilizando o dinheiro público em seu próprio interesse.

Já agora pregunta-se:

– E a milionária frota-automóvel ao serviço dos governantes? Paga por todos nós;

– E as mordomias que os nossos políticos usufruem? Pagas por todos nós;

– E o largo dispêndio de capital com os  partidos políticos? Pago por todos nós;

– E as diretrizes de alguns Ministros que desbaratam milhões, pagos por todos nós, em propriedades particulares e do Estado?

– E as diferenças de vencimento entre os “ordenados mínimos” e os das administrações particulares, públicas e público-privadas? Para, na sua maioria,  apresentarem prejuízos fabulosos pagos por todos nós;

– E os gastos disparatados na transformação de cada Ministério quando trocam de Ministro ou de partido governamental? Pagos por todos nós;

– E o dispêndio exagerados com o elevado número de elementos em cada Governo? Pagos por todos nós;

– E as famílias com cargos políticos de grande responsabilidade, pagas por todos nós. Totalmente fora das diretrizes básicas republicanas?

E assim sucessivamente. Seria uma lista infindável de erros inocentes, propositados e disparatados para a OCDE salientar e aconselhar mudanças de atitude.

Tudo isto não será corrupção e até abuso de poder?

Num país tão pequeno que se afirma democrático e com uma Lei Constitucional tão avançada, temos dois “ordenados mínimos”, o dos funcionários do Estado e o dos outros. Mais uma vez, sendo todos iguais perante a Lei, voltam a surgir os Portugueses de Primeira e os de Segunda. Mas estas pessoas não param para pensar no ridículo da situação?

Outra, temos o pessoal de enfermagem mais mal pago da OCDE (investigação da própria OCDE). Vejam agora se eles têm ou não razão para fazerem greve ou abandonarem o país procurando uma vida melhor noutros locais onde os respeitem? Qualquer dia queremos enfermeiros e não temos, como já acontece em algumas profissões com habilitação mais exigente.

Mas o mesmo Ministro afirma:

“Colocar acima de alguns fatores estruturais a corrupção, acho que não é muito profícuo e dá um sinal externo muito negativo”;

“Identificar o problema da corrupção como fator de degradação da economia portuguesa é desviar a atenção de coisas importantes… como as dificuldades de acesso ao capital e de qualificação de recursos humanos e as baixas taxas de poupança”.

Haverá algo mais importante do que a degradação provocada pela corrupção no nosso país?

Se em lugar de apresentarem estas justificações despropositadas, acelerassem a resolução de todos os processos que colocam em causa o bom nome dos portugueses e tivessem consideração por quem é sério e trabalhador, talvez passassem a ser mais considerados internacionalmente.

É que nos países com democracias mais adultas, estas coisa são resolvidas muito rapidamente e com toda a clareza porque os cidadãos não se calam e exigem imediato castigo para o incumprimento das Leis.

Temos sido um povo de brandos costumes. Parece que essa postura já foi observada fora do nosso país, por isso surgem respostas como as da OCDE que nos vão alertando para os verdadeiros valores desta democracia.

Será que estamos todos na mesma galáxia? Ainda não se aperceberam que ninguém confia em corruptos?

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