Editorial

FINALMENTE VÃO MATAR O ‘COUTINHO’? | CONHEÇA AS REAÇÕES! VIVA O PRÉDIO COUTINHO!
Picture of Joaquim Letria

Joaquim Letria

Partilhar

Joaquim Letria

A namorada do meu filho Miguel nasceu e cresceu em Viana do Castelo. Por isso, ambos passam lá a vida e não imaginam Viana sem o edifício Coutinho porque nunca viram a cidade sem aquele prédio à beira do Lima. Um e outro mostram-se surpreendidos com a data próxima da execução pública do edifício condenado. Não por serem adeptos da sua arquitectura, – mas porque consideram o “Coutinho” um ex-libris da cidade.

Um e outro a rondarem os 30 anos de idade, sabem coisas que a generalidade dos políticos desconhece: a primeira é que é difícil arranjar trabalho; a segunda é que ganhar qualquer coisa que se veja com um trabalho honesto é muito raro; também já descobriram que alguém que não se inscreva numa “JOTA” da situação e não passe a vida a pedir “cartolas” e a vender favores está feito. Ambos consideram que o dinheiro para derrubar o “Coutinho” faz falta em coisas úteis.

Começado na ditadura com 9 mil contos do Sr. Coutinho, um ilustre emigrante no Congo, e agora deitado abaixo por um milhão e setecentos mil euros, o “Coutinho” chegou a ser considerado uma conquista de Abril pela sua construção (1970-1975) anti-sísmica e aguentou-se até o ministro do Ambiente José Sócrates exigir a sua “implosão exemplar”, acolitado pelo Dr. Defensor Moura, presidente da Câmara de Viana e ex-morador do “Coutinho”, médico prestigiado injustamente castigado por assobiar pelos corredores do hospital onde trabalhava.

 Quando o conhecido engenheiro da Cova da Beira chegou a ilustre primeiro-ministro, então o veredicto tornou-se irreversível, com diversos juízes a dizerem “ora sim senhor” e outros a considerarem “ora nem pensar”.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Engraçado como o ”Edifício Jardim” de treze andares se converteu no “Prédio Coutinho”, com licenças legais e integrado no que ao tempo se chamava de ‘modernidade’. É que foi a própria Câmara, para arranjar dinheiro para comprar o palacete que ainda hoje ocupa, quem pediu dinheiro ao Sr. Coutinho, oferecendo-lhe em troca o direito de multiplicar por dois o número de apartamentos, subindo o número de andares por ali acima (inicialmente seria para ter 6 pisos). Ou seja, tudo legal, uma bela “cartola” seguida duma límpida troca de favores, uma operação que hoje seria considerada pelos poderes vigentes como uma “hábil e mutuamente vantajosa proposta política”.

A escrever para ser maioritariamente lido por gente do Alto Minho, não cometo a indelicadeza de maçar os leitores com aquilo que a generalidade dos políticos considera “pormenores irrelevantes”, como seja o que foi feito dos mais de 250 locatários que fugiram do “Coutinho”, uns cansados de um conflito que se adivinhava longo e de pagar a advogados, vendendo ao desbarato os seus andares, outros aceitando permutas por casas hoje mais degradadas que o gigante a abater, mesmo entre aquelas de que a Vianapolis se serviu para povoar a aplanada zona das ribeiras.

O Sr. Coutinho morreu há uns 8 anos, com mais de 90 anos, deixando o seu gigante (do qual chegou a ter 58 fracções) de pé. Mas o tempo, a idade de cada um, os custos da Justiça, os cursos e recursos de certos juízes, os advogados avençados pela Câmara (Poder local) e pela Vianapolis (Poder central) venceram, como era de esperar, os valorosos e dignos últimos resistentes a quem agora ameaçam expulsar pela força sem mostrarem o menor respeito e humanidade. Os poderes públicos no seu esplendor…

“Padre, perdoa-me pois eu continuo a pecar”, bem poderia dizer a todo o instante o actual presidente da Câmara, a toda a hora companhia do Senhor Bispo de modo a que nem um nem outro sejam assaltados por maus pensamentos ditados pelo injusto esquecimento das graças recebidas em vida do Sr. Coutinho…

Mas se destruir o sonho de quem fez sacrifícios para viver no “Coutinho” não preocupa os políticos, estes podiam ao menos curvar-se perante a dignidade dos cerca de 30 moradores que ainda ali restam, entre os quais se pode adivinhar o espanto contido daquele senhor de 93 anos, com cancro na próstata e algaliado, a quem nem sequer permitem que morra em paz no “seu Coutinho”.

Artigo de opinião de Ronald Silley, cidadão inglês proprietário de um apartamento no ‘Coutinho’

Aurora do Lima (Editorial) de 4 de Janeiro de 2018

 

Intervenção de Joaquim Letria na TVI no programa ‘A Tarde é Sua’:

http://www.tvi.iol.pt/programa/a-tarde-e-sua/53c6b3883004dc006243ce59/videos/–/ates–videos/video/5a37fc270cf2c450750704fa/1

Links dos artigos mais recentes e … comentários!

 Minho Digital:

http://www.minhodigital.com/news/predio-coutinho-alegada

 

Blogue Sorumbático:

http://sorumbatico.blogspot.pt/2017/12/finalmente-vao-matar-o-coutinho.html#comments

Comentários no Facebook ao artigo de Joaquim Letria sobre o Prédio Coutinho que, em pouco tempo, teve 34 partilhas e 34 ‘likes’ e/ou ‘adoro’!


Mais
editoriais

Junte-se a nós todas as semanas