Editorial

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Manso Preto

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Manso Preto 

Recebemos há cerca de uma semana este e-mail de um nosso Amigo e leitor «desde a primeira hora» que, pela sua importância e porque partilhamos do seu ‘GRITO’, não podemos deixar de o tornar público:

 «Na última quinta-feira a revista Science anunciou ao mundo que uma cientista portuguesa, Mónica Bettencourt Dias, investigadora principal do Instituto Gulbenkian da Ciência, tinha descoberto o mecanismo celular originário da infertilidade feminina, abrindo as portas para a sua resolução. Nesse dia só o DN (Diário de Notícias) referia o assunto timidamente, na Comunicação Social portuguesa, onde o assunto dominante foi a assinatura do contrato do Mourinho com o Manchester United. Por favor, gritem comigo. De desespero».

 

Pois é! Na chamada ‘guerra das audiências’, principalmente nos canais televisivos onde é mais alarmante porque nos entram pelas casas adentro, parece valer tudo, deixando para planos menos relevantes assuntos que nos deveriam interessar mais por ter a ver com as nossas vidas, o nosso dia-a-dia, pensando também nos legados que deixaremos aos nossos filhos e netos.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Sempre aprendi que à comunicação cabe informar com rigor, objectividade, isenção versus independência, exercer o direito ao contraditório, mas também … formar, que não é o mesmo que manipular.

Isto da ‘novela’ do Mourinho que tanto se dizia num dia que já tinha assinado o contrato, para no imediato se garantir que «afinal ainda não asssinou porque (…)», é paradigmático.

Esgotado o ‘filão’ quando os papéis foram assinados, logo tivemos mais uns dias em volta desse novo e grande problema nacional que era saber se Cristiano Ronaldo jogaria ou não, se recuperaria da lesão… O país real alterava o seu ritmo cardíaco, as tensões arteriais depressa oscilavam, o pessimismo e apreensão agravavam o nosso habitual direito em sonhar em que, pelo menos na bola, não fiquemos na cauda desta Europa irreconhecível …

Que pensariam, por estes dias, a investigadora e cientista do Instituto Gulbenkian da Ciência, os seus familiares, colegas e mesmo administrativos que certamente se orgulharão da descoberta? E, principalmente, o que pensariam mulheres e maridos (os que tiveram acesso à notícia) que lutam há anos e anos para terem um filho, sem o conseguirem, quando perante a descoberta da origem da infertilidade humana, abrindo agora as portas à sua resolução?

Possívelmente … gritaram! Não de revolta como este meu Amigo, mas de alegria. Muita alegria! Que mundo estranho este em que vivemos!…  

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