Editorial

O voto das mulheres pode decidir o futuro de Portugal
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Arlinda Rego Magalhães

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O movimento sufragista terá começado em França no século XVIII.

No entanto foi em 1893, já no século XIX, que a Nova Zelândia se tornou o primeiro país, a garantir o sufrágio feminino, graças ao movimento liderado por Kate Sheppard.

Em Portugal a primeira mulher a votar foi Carolina Beatriz Ângelo (Guarda, São Vicente), médica e feminista portuguesa, nas eleições para a Assembleia Constituinte, em 1911.

Mas o voto das mulheres, não era uma prática comum em Portugal.

Actualmente no nosso país, com os números dos recenseados  residentes, de 31 de Dezembro de 2023, existem no total 10.883.512 votantes.

Considerando o total por sexo, conclui-se, que há mais mulheres em Portugal do que homens.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

São 4.834.488 mulheres.

E são 4.425.726 homens.

Destes votantes, 9.260.214 eram eleitores nacionais residentes, em território nacional;

*1.590.475 eram eleitores nacionais residentes no estrangeiro;

*15.007 eram eleitores de países da Comunidade Europeia residentes em Portugal;

*17.816 eram eleitores de outros países estrangeiros residentes em Portugal;

Feitas as contas, o voto das mulheres, pode decidir e fazer a diferença.

Quem diria, que o sentido de voto das mulheres poderia ser decisivo nas eleições legislativas?

Pois assim é!

O voto das mulheres, decide!

Ou seja, se nós mulheres, mães, avós, filhas, netas, esposas e profissionais não sofrermos de “partidarite” e exigirmos em uníssono, o melhor para NÓS mulheres. Podemos ganhar!

Sem dúvida, ganharia uma maioria responsável, inteligente, solidária e proactiva.

Não me pergunte qual o partido, pergunte-me, qual o programa eleitoral, qual o discurso, qual o candidato que entende e defende a mulher no seu todo!

Quero eu dizer com isto, que me apetece falar de candidatos, que tenham colocado, o estatuto e o papel da mulher, em primeiro lugar, na sociedade portuguesa.

Refiro-me concretamente às mulheres mães, que são também profissionais, e que não têm suporte familiar, económico e social que lhes permita, desempenhar as duas funções, com critério, e sem se sentirem culpadas.

Sim, estou também a falar do receio, a nível profissional e económico das jovens, que tardam em constituir família, e ter casa própria.

Penso sobretudo nas mulheres que emigram, para poderem ter filhos, em condições aceitáveis.

Os baixos salários das licenciadas, as altíssimas taxas de juro e impostos elevadíssimos, a futura classe média está fora do país!

Há ainda uma situação, mais problemática e inacreditável, que é a falta de apoio às grávidas deste país. As novas mães estão a ser muito penalizadas, com a incerteza dos cuidados pré, e pós natal, para já não falar, da angústia sentida no momento do parto. Mães de primeira viagem que têm os seus bebés nas ambulâncias.

Penso ainda, nas mulheres que além de serem mães de filhos menores, têm a seu cargo, progenitores idosos ou não, mas  muitas vezes, dependentes.

São também bastante frequentes, casos em que a mulher não pode deixar de trabalhar, pois o seu salário, apesar de inferior ao do marido, no desempenho das mesmas funções, é imprescindível para sustentar a família.

E muitas vezes, essa mesma mulher, ainda procura rendimentos extra, para poder pagar todas as despesas.

Concretamente trabalhos de costura, de confecção de refeições, explicações, apoio a terceiros e vários trabalhos domésticos,  feitos fora de horas, encurtando o seu descanso nocturno.

Além disso, os fins de semana, quando existem, são utilizados na organização da casa, passar a ferro a roupa da semana, elaborar ou corrigir os testes ou trabalhos etc.

Não esquecendo que o fim de semana, também é o momento certo para cozinhar e congelar, todas as refeições da semana, pois os seus horários, ou os transportes públicos, obrigam-na a chegar muito tarde a casa.

Cuidar de si, significa tomar o seu duche diário e vestir uma roupa lavada.

Em muitos casos não há tempo nem dinheiro, para cabeleireiro e outros tratamentos corporais.

Dar um passeio ao domingo, ou ir ao Shopping, ou ao cinema, ou ir à feira,  ou ir à missa, ou comprar uma pizza ou um frango de churrasco, pode ser a  extravagância da semana e o descanso relativo da mulher.

Mas e se essa mulher, ainda for cuidadora do seu filho, com algum tipo de deficiência ou doença crónica?

Então essa mulher está assoberbada, com trabalho, preocupações e obrigações.

Já mal consegue sobreviver, a nível físico, mental e emocional.

Muitas são as tarefas atribuídas, exclusivamente às mulheres,

dentro e fora de casa!

Por estas e outras razões, temos de ser realistas, muito mais exigentes e pragmáticas.

Os únicos desempenhos físicos, de que os homens são incapazes, prendem-se com a maternidade, e com o facto de não poderem engravidar nem amamentar!

Todas as outras funções/ actividades e trabalhos domésticos, lhes são permitidos.

Assim eu vou votar no programa, na proposta, que defende a saúde e a condição da mulher grávida, respeita as várias gerações da família, nas suas necessidades primárias, adequa as remunerações e iguala salários, permite condições de habitabilidade, estabilidade, e confiança.

Como mulher não me apetece, não ter tempo para ler e escrever, não ter tempo para ir ao cabeleireiro ou arranjar as unhas, para ir tomar um café, pintar paisagens, retratos ou natureza morta, cantar, fazer teatro, ir ao ginásio, à piscina, ir ao parque com os filhos, brincar com os filhos etc.

Não vou votar no mais bonito, nem no mais simpático e muito menos no mais vaidoso.

Vou votar naquele político/partido, que coloca o estatuto e o papel da mulher, na sociedade e na família, em primeiro lugar.

Se me for permitido, gostaria ainda de poder sugerir a todas as mulheres portuguesas, que no próximo dia 8 de Março, dia Internacional da Mulher,  não cozinhem, não limpem, não trabalhem e se divirtam!

Afinal qual a razão para termos um dia para nós, se não o pudermos aproveitar em pleno.

E este ano é mesmo muito perto das eleições. Poderá ser o NOSSO dia de reflexão!

 

Como curiosidade:

O dia Internacional da Mulher foi inaugurado em Portugal, a 13 de Janeiro de 1975.

Dizem os que viram, participaram ou leram nos jornais da época, que foi mais uma manifestação machista do que feminista.

Isto porque algumas mulheres queriam rasgar/ queimar uns cartazes, gritar palavras de ordem e falarem dos seus direitos.

Mas isso não aconteceu!

Havia mais homens na manifestação, do que mulheres.

Foi “criada” a expectativa, de se assistir a um eventual Striptease, entre outro tipo de manifestações.

Assim todos reconheceram, ter

sido uma verdadeira confusão.

E esta confusão tem também, quase cinquenta anos!

Algumas mulheres foram agredidas, outras viram as suas roupas rasgadas e perdeu-se todo o simbolismo pretendido.

 

Definitivamente!

O dia 8 de Março, devia ser o dia do Descanso Internacional da Mulher!

1 comentário

  1. Pois é, um dia vi um jornal, o “O Comércio do Porto” ou o “O Primeiro de Janeiro”.
    O primeiro tinha um suplemento intitulado “O Lavrador”.
    Depois vi um livro de estudante de Medicina. Um livro, não uma mochila, com quilos de sabedoria. Quantas gramas o estudante (ele ou ela) adquire, por unidade (aula da disciplina)?
    Estamos a formar, disse Formar, analfabetos, acordados ou não, naquele que os brasileiros não querem.
    Fazer contas, é bom que não aprendam a fazer, das atuais…, mas das do àbaco… ou pedrinhas dos nossos antepassados das cavernas, no sistema até 10.
    Sem G’s,…
    A vida… continua…

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