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Incêndios de outubro “infernizaram” Arcos de Valdevez

O dia 15 de outubro, o pior do ano em matéria de incêndios, foi infernal no concelho de Arcos de Valdevez. Dos cerca de dez fogos que estiveram ativos só nesse dia, os mais “castigadores” foram os que lavraram em Soajo e Cabreiro, freguesia onde vários animais (bovinos e equinos) acabaram calcinados.

Em Soajo, as chamas que, segundo a página oficial da Autoridade Nacional de Proteção Civil, eclodiram, pelas 15.18, no Porto do Prado (próximo da Ponte da Ladeira), estiveram às portas da vila soajeira e “semearam” o pânico, principalmente no lugar de Cunhas, que, no entanto, não chegou a ser evacuado, porque a mudança de direção do vento permitiu abrandar a pressão sobre as casas.

Foram relatados casos de animais desaparecidos em Soajo, mas, que se saiba, não foi encontrado nenhum gado carbonizado. “Das oito touras que procuro, já consegui localizar cinco”, diz João Pereira. Outro criador acabaria por avistar as éguas em falta após a dissipação do fumo e da neblina nos dias seguintes. Do mesmo modo, também não há registo de estábulos destruídos. “No meu caso, o fogo chegou ao limite do estábulo, que está intacto. Mas a propriedade [terreno] ardeu toda”, lamenta João Pereira, produtor de Cunhas.

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Entretanto, como as fotos documentam, pela serra de Soajo, foram apanhados pelo lume em fúria cortelhos, anexos de forragens, povoamentos florestais, bouças, pastagens e mato. Felizmente que se salvaram as casas, os moradores e os voluntários que socorreram familiares, amigos, vizinhos e conhecidos. E a mata da Cascalheira, “santuário” natural que resistiu aos terríveis incêndios do verão de 2016, também foi poupada desta vez. É aí que residem importantes habitats e abrigos de animais selvagens.

Noutro ponto do PNPG, em Cabreiro, as chamas, por volta das 16.00, do maldito 15 de outubro, também levaram o terror a vários lugares (Tabarca, Vilar e Vilela Seca), onde foi grande o rasto de destruição, entre animais (vacas e cavalos), casas devolutas, espigueiros, palheiros e vinha.

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De resto, à mesma hora, progrediam incêndios em Jolda, Loureda, Gondoriz, Couto e Rio de Moinhos, onde, no lugar de Nogueiras, ardeu uma casa desabitada. E, em Padroso, o susto também bateu à porta de moradores, mas os meios mobilizados travaram o avanço das labaredas.

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Quem, na manhã do dia 16, fitasse as encostas entrevia fumarolas e vários focos ativos, apesar da descida de temperaturas e dos chuviscos que iam caindo. Numa ronda feita ao “inferno”, houve, porém, quem trouxesse notícias consoladoras pela alvorada. “A zona de Gandarela [e Agrelos], em Soajo, não ardeu. Os homens [sapadores dos Baldios de Soajo] foram impecáveis”, desabafa uma soajeira, aliviada. Noutros locais, foram os voluntários que evitaram males maiores face às condições muito adversas. Com tamanha seca, tudo era rastilho para o avanço das chamas, a começar pelos montes cheios de carga combustível.

Apesar dos riscos que representaram para pessoas, gado e floresta, os vários incêndios deste verão tardio mobilizaram escassos meios (havia muitas ocorrências em simultâneo) e, por isso, os populares não tiveram outro remédio que não sair em socorro dos conterrâneos, levando com eles o que tinham mais à mão para combater as chamas.

Terminado o sobressalto, sobraram lamentos e queixas, principalmente quando, depois de um verão em que o PNPG quase passou incólume, afinal, avultaram, no outono, incêndios que evoluíram com uma severidade tal que ninguém sabe como poderiam acabar em Soajo e em Cabreiro, caso as condições climatéricas tivessem continuado agrestes.

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Comunicações

Os incêndios que lavraram na região, no dramático 15 de outubro, afetaram as comunicações em várias localidades do único Parque Nacional, com repercussão nos telefones e na Internet.

 

 

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