Editorial

O “FOGO DA IGREJA” LAVROU A MORAL EM LAVRADAS
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Damião Cunha Velho

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Damião Cunha Velho

Professor

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Em Dezembro de 2017, o povo de Lavradas foi surpreendido durante a noite pelo desnorte dos sinos da igreja.
A igreja desta freguesia de Ponte da Barca, distrito de Viana do Castelo, ficou em poucas horas destruída por um incêndio de origem aparentemente desconhecida.
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Perante esta tragédia, numa pequena aldeia cheia de fiéis católicos, logo a Comissão Fabriqueira e o padre da freguesia tomaram a iniciativa de fazer um peditório para a reconstrução da igreja, agora destruída.
A adesão da população a esta iniciativa e de muitos emigrantes foi impressionante. Quase num fechar de olhos se conseguiu amealhar o dinheiro suficiente para a tão aclamada reconstrução.
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Acontece que dos céus, como em tudo na Igreja, chegou a iluminada ideia de fazer uma nova igreja.
Talvez mais moderna e mais faustosa, tudo a condizer com as comodidades com que aqueles que na Terra se fazem de enviados de Deus, mas que nunca abdicaram de muitos privilégios ou pequenos luxos que os crentes vão pagando com esmolas e com os receios da mão pesada de um Deus que esta Igreja, que se alimenta do medo, vai “vendendo”.
Lembro que o Papa Bento XVI fazia questão de calçar uns sapatos vermelhos da marca Prada.
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A população e todos aqueles que contribuíram monetariamente para a reconstrução da igreja ficaram indignados e revoltados.
Pediram-lhes dinheiro para reconstruir a igreja e não para fazer uma nova igreja.
Reconstruir e não contruir uma nova igreja, sublinho.

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A Igreja Católica, se quer construir uma nova igreja contra a vontade das pessoas devia, por isso, devolver sem qualquer hesitação e de imediato, o dinheiro a quem o deu.
Era o mínimo e não lhe ficava mal associar a essa devolução um pedido de desculpas.
Porque a população já teve o incomodo de se manifestar publicamente, o que chamou a atenção das televisões e do próprio Presidente da República.
Se não o fizer está a cometer um pecado, como muitos que fazem a história da Igreja Católica.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

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Como queimar “pecadores” no tempo da Inquisição ou práticar actos de pedofilia.
Para estes dois exemplos “pecado” é um eufemismo para designar um “crime”.
Mas, o pecado ou o crime maior da Igreja, é ficar indiferente a tudo isto ou apenas expulsar do sacerdócio um ou outro prevaricador só para nos ir enganando, fazendos-nos pensar que está a tratar do assunto.
Show off, uma especialidade desta monarquia.
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Quando uma coisa está mal e permanece mal e aqui é absolutamente óbvio, a pergunta que se deve colocar é quem está ou vai ganhar com isso?
A resposta também me parece óbvia.
Os mesmos de sempre!
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Uma aprendizagem deve resultar de tudo isto sobretudo para quem vive em Lavradas.
É que se um dia a Igreja lhes pedir dinheiro para comprar uma cadeira de rodas talvez o padre lhes apareça num domingo de manhã, para celebrar a missa, de Ferrari!
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Recentemente, veio a público que a igreja ia ser finalmente reconstruida mas com uma ampliação para o dobro da antiga igreja.
No fundo, não se trata de uma reconstrução tal como foi solicitado originalmente ao povo de Lavradas.
É um pouco como diria Michel Foucault “a distância entre as palavras e as coisas”, quanto se tenta usurpar o sentido dos termos, algo muito próprio das democracias esvaziadas.
Até parece que Foucault já passou em Lavradas.
E aqui as palavras não falam com exactidão  das coisas em causa, apesar de parecer, com  a ajuda da ambiguidada semântica.
Sendo que a reconstrução custaria cerca de 350 mil euros e este novo projecto poderá atingir o milhão e os duzentos mil euros.
Uma extravagância para a dimensão da freguesia em causa.
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Foi por causa de peditórios como este, perpetrados por tantos “santos” face à pobreza dos fiéis e em nome da salvação, que da Igreja Católica surgiu a Igreja Protestante. E, já são muitos os protestantes em Lavradas.
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Mais um luxo que vai ter que ser pago por alguém. Muito provavelmente por aqueles que sem perceber as rezas vão dizendo amém.
Ou então através de um milagre que faça cair notas do céu.
Uma especialidade de alguns enviados de Deus.
Tal como as bruxas que ninguém acredita nelas mas “que las hay las hay”.
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Uma coisa é certa, um milagre já aconteceu em Lavradas: é que afinal há almoços grátis!

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