Editorial

O TIC–TAC DOS FIGURÕES
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Joaquim Letria

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Joaquim Letria

Fiquei à espera da Polis desatar ao pontapé nas portas de moradores do Coutinho, como haviam anunciado. Já vi que não é preciso esperar mais, passados que estão mais do que os dias de uma semana sobre a data do ultimato sem que nada acontecesse, efectivamente, para além do desgaste psicológico da guerra de nervos que o Governo e a Câmara Municipal desenvolvem através desse instrumento que não tem mais nada que fazer em Viana do Castelo e não serve para outra coisa que não seja derrubar o Coutinho.

Quem fica mal, mais uma vez, nesta fotografia, são o António Guterres e o José Sócrates. Um era Primeiro-Ministro e o outro Ministro do Ambiente, ambos a fazerem o tirocínio para os vôos de longo curso que haviam de empreender, um com escala na Suíça, o outro com paragem no Presídio de Évora.

Guterres é hoje secretário-geral das Nações Unidas em Nova York, o outro tem sessões contínuas no Tribunal Criminal de Lisboa com epílogo incerto para o cabaz de processos que se pôs a jeito de apanhar, a provarem-se as malfeitorias que alegadamente desenvolveu como ministro do Ambiente e, depois, como Primeiro Ministro do pântano de que o outro fugira, dando com as gáspeas no sim senhor como se estivesse a escapar dos da Vila Diogo. E por que ficam estes cavalheiros mal na fotografia outra vez? Ora, simples!

Quem não se lembra do papel dum e do outro, de mãos dadas em Viana do Castelo, a descerrarem um relógio que fazia a contabilidade do tempo que faltava para darem uma prova do seu poder e do seu bom gosto modernista derrubando exemplarmente o Coutinho, de preferência com uma carga de trotil, para o País tremer e ficar com medo de ter mau gosto no futuro. Ainda hoje estão à espera…

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Hoje, Guterres que vigia o mau gosto deste Mundo, só se safa se enviar os capacetes azuis para as margens do Lima; Sócrates só se desenrasca se dispuser dum comando de guardas prisionais subsidiado por um daqueles amigos do peito que o sustentam há mais de 20 anos.

Com a indiferença de quem tem a consciência limpa e o desdém que lhe despertam estas e outras figuras menores da ópera bufa que maestro e letrista quiseram mostrar serem capazes de escrever, o Coutinho olha o Lima e ri-se com os andorinhões e diverte-se  seguindo os vôos picados dos falcões peregrinos que escolheram a sua altura para viverem e procriarem.

Mas é bom que não se desarme a guarda, antecipando algum golpe soez de quem não tem dinheiro para mandar cantar um cego nem caracter para pedir desculpa. Agora é a hora de manter até Março o tic-tac do relógio dos figurões a bater certinho, já que foram eles que o inventaram e lhe deram corda.

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