Envelhecer não devia ser um drama porque no fundo é um privilégio, é sinal de uma vida longa.

Eu costumo dizer que essa benção é só para alguns tal como acontece com certos vinhos.

Só as colheitas especiais, os vintage, estão destinados a envelhecer, os outros são como fast food, são para consumo imediato ou corrente. Por isso, envelhecer é só para os escolhidos.

No entanto, hoje, ninguém quer parecer velho e tudo faz para disfarçar a sua idade cronológica.

Era uma coisa só das mulheres mas agora também é um drama de muitos homens.

Não é por acaso que a cirurgia estética está a ter a evolução que sabemos. A procura aumentou a exigência e o investimento nessa área.

Porém, nas mulheres a idade pesa mais que nos homens e tem a ver com aspectos culturais. Genericamente os homens sempre erotizaram o corpo das mulheres enquanto as mulheres erotizam a inteligência masculina.

E, o homem mais velho também é sinónimo de maior sabedoria.

Para nós homens, a vida tem sido mais fácil nessa matéria.

A questão é saber até que ponto o homem tem culpa nessa angústia feminina de estar eternamente jovem, bonita e sedutora ou se isso faz parte da sua própria natureza.

Mesmo agora, nos tempos modernos, em que a mulher é mais livre que nunca nas sociedades ocidentais, a mulher parece eternamente insatisfeita. Neste caso e ao contrário de muitas “doenças” é o corpo a vingar-se na alma. A importoná-la logo pela manhã quando ela se olha ao espelho.

Agradar fisicamente alguém dá muito trabalho, é muito chato e não querer agradar também é uma forma de libertação num mundo em que o “parecer” vale mais que o “ser”.

O vazio quotidiano é preenchido pelo consumo de coisas ligadas à beleza. Desde o cabeleireiro até aqueles sapatos de salto alto que são uma verdadeira obra de arte.

O príncipe encantado não existe mas a mulher não desiste de sonhar que ele um dia vai aparecer.

Não retirando os homens da equação as mulheres talvez sejam eternas sonhadoras que tanto desejaram a liberdade mas se tornaram escravas de si mesmas!