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Pedro Passos Coelho: «Em Viana temos razões para poder apresentar uma candidatura vencedora»

O líder do PSD passou por Viana do Castelo e convidou a imprensa regional para um encontro, em que o Minho Digital esteve presente. Com naturalidade, as primeiras questões direcionadas a Pedro Passos Coelho abordaram assuntos relacionados com as eleições autárquicas que já mexem nos corredores políticos do distrito. Ainda que não tenha confirmado a candidatura de Eduardo Teixeira, líder da Comissão Política Concelhia de Viana do Castelo, à Câmara local, o Minho Digital sabe já que será mesmo Eduardo Teixeira a encabeçar a candidatura em coligação com o CDS. A lista para as autárquicas deverá também contar com Hermenegildo Costa (PSD) e Ilda Araújo Novo (CDS-PP) em segundo e terceiro lugar da hierarquia, respetivamente. De registar que actualmente os social-democratas têm 3 vereadores na Câmara Municipal, ou seja cedem um aos democratas-cristãos, o mesmo sucedendo na Assembleia Municipal mas em número superior, não sendo de afastar a hipótese que a presidência seja entregue ao advogado Júlio Vasconcelos, também do CDS.

Numa conversa de cerca de uma hora com três jornalistas de três órgãos de comunicação locais, o líder do maior partido da oposição partiu de questões locais para nacionais, numa longa entrevista onde Pedro Passos Coelho não se esquivou de nenhuma das perguntas lançadas pelos três jornalistas, que aqui partilhamos.

 

Já se pode avançar um candidato a Viana do Castelo?

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Não está ainda definido. Há um calendário a nível nacional e prevê-se que, até ao final do primeiro trimestre, todas as candidaturas estejam decididas. Há processos mais adiantados que outros. No caso de Viana houve eleições recentemente e é natural que o processo esteja numa fase de amadurecimento. Terá que amadurecer, o mais rápido possível, porque o nosso limite é o final do primeiro trimestre.

Eduardo Teixeira é um nome muito provável?

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Não posso falar nem sobre o Eduardo nem sobre qualquer outro. É um processo que ainda não está em condições de poder ser amadurecido e a pior coisa que podemos fazer é andar a queimar os nomes. São hipóteses que têm que ser consideradas ao nível concelhio e distrital. Espero uma candidatura boa para podermos disputar as eleições em boas condições. Há quatro anos creio que podíamos ter feito melhor e agora acredito que não podemos desaproveitar as condições que temos. Isso significa fazer escolhas ponderadas e procurar apoios, se queremos apresentar uma candidatura que as pessoas consideram como uma candidatura com ingredientes necessários para um resultado diferente daquele que tivemos no passado.

Mas admite uma coligação com o CDS-PP?

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Não posso responder em concreto, porque não há sequer um amadurecimento da candidatura. Mas não tenho dúvidas que terão já existido contactos e haverá vontade de procurar uma coligação com o CDS, ainda que não me queira antecipar ao processo negocial. Posso dizer que está manifestada, pela própria Comissão Política Concelhia, a vontade de poder existir uma coligação. As coligações partem debaixo para cima e, se forem desejadas pelas estruturas locais, existe um acordo nacional que acelera a formalização dessas candidaturas.

O aparente desacordo entre a Comissão Distrital e Concelhia poderá representar um entrave à candidatura do PSD a Viana do Castelo?

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Os órgãos internos são eleitos por colégios diferentes e, por vezes há mais ou menos sintonia nas escolhas que são feitas, mas isso faz parte da pluralidade da vida partidária. Eu não conheço nenhuma condição que impeça a Comissão Politica Distrital e Concelhia de chegarem a uma candidatura que seja forte. Depende da vontade que as pessoas tenham de privilegiar esse objetivo e eu espero que ele aconteça. Quando as pessoas remam para o todo lado e se entendem, parte do trabalho está feito. Quando as pessoas se desentendem, é muito difícil que o eleitorado confie nas suas escolhas, portanto desejamos sempre que existam candidaturas resultantes de decisões amadurecidas, em que todos possam estar empenhados. Há que unir e procurar uma candidatura que seja consistente.

O objetivo em Viana do Castelo passa por aumentar representatividade ou vencer a Câmara?

O PSD quando se candidata é para vencer. Claro que as condições de base não são as mesmas em todo o lado, mas procuramos sempre fazer escolhas que estejam na primeira linha para ganhar. Em Viana temos razões para poder apresentar uma candidatura vencedora. Esse é o nosso objetivo. No distrito de Viana, exceção feita a Paredes de Coura, ganhámos todos os concelhos nas últimas legislativas. Não há nenhuma razão para não podermos pensar que temos a obrigação de apresentar candidaturas que tenham essa ambição.

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O PSD espera conseguir mais Câmaras no distrito de Viana do que em 2013?

Espero que sim, neste momento governamos Valença e Arcos de Valdevez, num total de dez municípios. Houve uma época em que a nossa representação foi mais significativa e creio que temos condições para, não direi repor a representação que já tivemos, mas para regressar a um padrão mais consentâneo com a preferência que muitos eleitores do Alto Minho têm em relação ao PSD. Se fizermos boas escolhas, que espero que sejam feitas, se existirem mudanças de ciclo político, creio que há condições para ter um maior numero de Câmaras do que as que tivemos em 2013. Estamos confiantes que o resultado de 2013 poderá ser bastante melhorado.

Acredita que em 2017 o contexto será favorável ao PSD?

Acredito que 2017 não tenha o contexto tão adverso como aquele que tivemos em 2013, que foi o ano que se seguiu ao pico da crise que vivemos e o fator nacional acabou por ter uma influência maior. Não estou a dizer que foi a única coisa que justificou os resultados autárquicos de 2013, mas não há duvida que onde o contexto nacional teve peso.

O que falta à região do Alto Minho para se catapultar?

Várias coisas. Em primeiro lugar, aproveitar bem as oportunidades. É incompreensível que o nível de execução do Portugal 2020 seja tão baixo como é. Ainda para mais, a maioria que hoje apoia o governo foi extremamente crítica em relação ao nível de execução que o governo anterior deixou em 2015. Isto é explicado porque o estado cortou 26% do financiamento público. Um exemplo são os acessos ao porto de Viana do Castelo. Era suposto a obra já estar em andamento. Nós, no Governo, referenciámos a intervenção dentro dos projetos prioritários a serem cobertos pelo Portugal 2020, não conseguimos executar porque uma parte do trabalho tinha que ser feito em equipa com a Câmara de Viana do Castelo. Era necessário fazer expropriações e a Câmara não as fez, mas agora já as fez e continua a não haver obra. O que está inscrito no OE deste ano para esta obra são 10 mil euros, o que só pode ser uma brincadeira. As oportunidades do Portugal 2020 são muito importantes para um país que não tem muito dinheiro.

Quais são as prioridades que o PSD estabeleceu para 2017?

A nossa prioridade está muito centrada no crescimento económico e no emprego. Essa é uma preocupação muito grande porque é determinante para poder salvaguardar o nível de estado social que consideramos adequado e para poder colocar o país numa posição de não retrocesso relativamente ao nível ao que se alcandorou em termos de desenvolvimento e progresso social e económico. Passámos em 2011 por uma situação muito difícil e muitos acharam que não íamos conseguir sair da crise em que estávamos a mergulhar, houve um problema de financiamento que afetou o Estado e toda a economia. Mesmo sendo um país de primeiro mundo, que somos, é possível que uma queda de financiamento possa por em causa muito daquilo que nós achamos estar adquirido e não queremos que situações dessas possam voltar a ocorrer no nosso país. Mas para isso é preciso que o país não fique parado a achar que todos os riscos foram superados e que está tudo feito e que agora é preciso distribuir. Se queremos fazer parte deste primeiro mundo, a economia não pode crescer 1 ou 1.3% porque esse nível de crescimento não dá para sustentar o financiamento de que a nossa economia e o nosso país precisa para crescer. Ver a projeção que o governo faz de crescimento para este ano é a mesma coisa que estar a espera que mais problemas possam regressar em vez de esperar que melhores notícias possam ocorrer.

Então quais são as linhas orientadoras que, na opinião do PSD, deveria seguir o atual Governo?

Em 2017 precisamos não desaproveitar as condições que tivemos em 2016, como o petróleo barato e taxas de juro muito baixas. Isto podia-nos ter ajudado a crescer muito mais, como aconteceu na Espanha e na Irlanda, mas em vez de aproveitarmos essas oportunidades andamos a fazer reversões, a querer fazer politicas de rendimentos que são mais arriscadas e conseguimos criar nas pessoas a ilusão do que as coisas estão muito melhores quando, na verdade, nos estamos a afastar da maior parte dos países com quem nos podemos e queremos comparar dentro da Europa. Estamos muito centrados numa agenda reformista que traga não apenas mais estabilidade financeira, mas também a possibilidade de atrair mais investimento. Portugal faz parte do Euro, tem metas a cumprir, tem níveis de défice para baixar e o governo uma vez que precisa cumprir esses critérios e para que o país fosse cumpridor teve que conciliar a sua politica de reversões com essa necessidade de reduzir os compromissos. O Estado reduziu o investimento publico em quase 26% do que no ano anterior e ficou a depender de coisas muito extraordinárias para cumprir as suas metas.

Mas têm-se registado uma queda significativa do desemprego…

É verdade e é muito importante que possamos continuar a ver o desemprego a baixar. O desemprego subiu a níveis anormalmente elevados durante a crise, ainda que não tenha sido só uma consequência da crise, dado que o desemprego estrutural tem vindo a aumentar em Portugal sensivelmente desde 2007 e em 2009 atingiu um nível preocupante. Quando olhamos para os jovens portugueses, a situação foi mesmo. Os valores têm declinado, mas são ainda muito elevados. Se o desemprego foi baixando consistentemente, como tem baixado, isso é muito bom, mas da mesma maneira que reconhecemos estes dados positivos, temos que chamar à atenção para o fraco desempenho do emprego. Na verdade, o desemprego não baixa apenas porque aumentou o emprego. O desemprego também baixa quando as pessoas passam à aposentação ou quando saem do país e, apesar de eu já não ser primeiro-ministro, continua a haver emigração. Temos verificado que a criação de emprego tem vindo a abrandar. Para criar emprego temos que ter investimento e ver a economia crescer.

 

 

 

 

 

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