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Ponte da Barca: “agem cobardemente e em bando”! – palavras da ex vice-presidente, Maria José Gonçalves

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Livro “Geringoça e outras formas de falar na política” da jovem autora barquense, Francisca Gonçalves Amorim, teria sido alegadamente alvo de censura no âmbito da 26ª Feira do Livro realizada no Concelho durante o fim de-semana de 17 a 19 de maio.

 

A tarde do dia 18 de maio ficou «ao rubro» quando Maria José Gonçalves, ex vice-presidente da Câmara Municipal de Ponte da Barca, colocava um post na sua página pessoal do Facebook onde se podia ler o seguinte: “Onde se queimam livros, acaba-se queimando pessoas” Heinrich Heine.
Ontem, no âmbito da 26.ª Feira do Livro de Ponte da Barca, enquanto uns “Desafiavam Estereótipos” com Ana Bacalhau, um “bando de inquisidores”, com rosto e nome, tentava “queimar” o livro de Francisca Gonçalves Amorim. Terá sido pelo título? Pela filiação da autora? Foi. Foi deplorável e muito, muito preocupante! 
(fim de citação)

 

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Em pouco menos de meia hora o post já tinha gerado mais de uma trintena de comentários; uns a dar apoio à ex vice-presidente, outros pedindo que ela esclarecesse o que, de facto, se havia passado. Contactada por este semanário, aquando da publicação do post, Maria José Gonçalves esclareceu que não faria qualquer tipo de declarações além do post que redigiu «a título de desabafo» e que “o faria sim, na hora certa, e no local certo, na reunião de Câmara do Executivo Municipal”. O Minho Digital esteve hoje (5ªfeira), presente na reunião de Câmara onde, em exclusivo, conseguimos obter as declarações da ex-vereadora da cultura.

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“Queria lamentar que o senhor Presidente da Câmara tenha feito uma avaliação deste evento – Feira do Livro – e não tenha dado conta dum gravíssimo incidente que ocorreu nesse âmbito. E que, garantidamente, ainda que formalmente, não tenha sido apresentada queixa institucionalmente, eu sei que o senhor Presidente sabe. E se não sabe diretamente, porque não leu o meu post, houve elementos deste Executivo que o fizeram. E no mesmo local onde eu, a título pessoal, dei conta do gravíssimo incidente, disse que nas instâncias próprias falaria sobre ele. Vou então, fazê-lo” – afirmou assertivamente a vereadora eleita em 2º lugar na lista de Augusto Marinho e posteriormente posta de lado após este ter chegado a um acordo muito contestado com Inocêncio Araújo (PS), funcionário da Câmara Municipal a quem, na altura, Marinho promoveu. Esse acordo voltava a dar a maioria de votos no seio do executivo, relembra-se.

 

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Maria José Gonçalves, relata, a grosso modo, aquilo que se terá passado na noite do dia sábado, 17 de maio, no recinto da Feira do Livro. “Eu estou cá fora, depois de ter assistido com a minha família ao espetáculo da Ana Bacalhau e sou confrontada com esta situação: a autora, filha da ex-vicepresidente que no passado fez queixas de ter sido alvo de bullying laboral, chega perto de mim, francamente alterada e diz-me: “Mãe, viste o que é que fizeram ao meu livro? (…) e ali estavam, um bando de inquisidores, e eu chamo-lhes um bando porque são precisamente isso, um bando, porque são vários, e quando me descrevem o que se passou eu verifiquei que foi mesmo um ato de censura, puro e duro. Que foi tentar esconder o livro. Estavam três livros, escritos pela minha filha, virados ao contrário, e colocaram outros três ou quatro livros, em cima. Isto é censura”.

A ex-vicepresidente, depois de ter sido pedido pelo presidente da Câmara Municipal de Ponte da Barca, Augusto Marinho, para revelar os nomes das pessoas que teriam então perpetrado o ato, responde “como agem cobardemente e agem em bando, e precisamente por isso, ainda quando fui muito solicitada para esclarecer o que se tinha passado, porque aquilo que as pessoas queriam era sangue nas redes sociais, não o tiveram. Porque eu sei muito bem com quem lido, e a perigosidade de algumas pessoas (…) o meu bom senso, e porque – repito – sei muito bem com quem lido, e porque eu não podia dizer que foi o Tone, o Xico ou o Zé, sei que foi um bando, não qual foi o pássaro, posso sim identificar o bando, mas não o pássaro”.

 

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Lamentando ainda que, depois de ter coloado o post no seu perfil pessoal “muita gente comentou-o, nomeadamente a senhora Vereadora Fernanda Marques, mas da parte do responsável pelo pelouro da Cultura da Câmara Municipal (Augusto Marinho) nem uma palavra no dia, nem uma palavra hoje, quando fez o balanço da feira, no início desta reunião (…) há uma acusação gravíssima, de que se tinha verificado uma ação de censura a um livro de uma barquense e o senhor Presidente da Câmara remete-se a um silêncio sepulcral. Quando o assunto estava na praça pública! Se o ato verificado, é como eu o classifiquei, de abominável, o silêncio sepulcral por parte do responsável é altamente preocupante. Até porque quem não deve, não teme”, vincou sem tirar os olhos do presidente.

 

A onda de comentários gerados na rede social Facebook depois do «desabafo» feito pela vereadora, teve um grande alcance e como ela mesma afirma “a articulação de comentários é tão mais desprezível e irresponsável quando, sensivelmente oito dias depois o senhor chefe de gabinete do senhor presidente da Câmara (Filipe Rocha) de forma rasteira, infantil e irresponsável, evidenciando estar inteiramente por dentro do crime perpetrado, ter colocado no post onde se fez a denúncia, três links sob a forma de comentário”.

 

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Por sua parte Augusto Marinho, viu-se na necessidade de reagir. “Eu quero dizer que quando me deram conta do que se tinha passado, fiquei preocupado e telefonei de imediato ao responsável pela iniciativa, o chefe de divisão (José Pedro Carneiro), mas que eles também não sabiam o que se tinha passado. No entanto, não aprecio esta forma incendiária de fazer as coisas. Eu gostaria que a Dra. Maria José esclarecesse os nomes das pessoas que fizeram este ato porque eu não posso aceitar que fique tudo debaixo da mesma nuvem (…) eu não aceito qualquer ato de vandalismo, ou atentado ao estado de direito que fique impune (…) portanto eu quero esses rostos e nomes. Porque quero apurar nas instâncias próprias. Primeiro averiguar e depois atuar. E como sei que a Maria José é uma mulher que diz sempre tudo com rigor, com verdade, portanto não vai ter problema nenhum em dizer aqui os nomes. Porque eu quero que fique em ata e depois levantarei um processo de averiguações “. 

Depois da intervenção de Augusto Marinho, Maria José Gonçalves esclareceu .“O senhor tinha de ter atuado no momento. A vida ensinou-me – e no último ano e meio ensinou-me muito – que é preciso saber com quem lidamos. E portanto o senhor sabe, como a maior parte das pessoas que estão aqui presentes sabem quem foi o bando. Aconteceu este incidente e eu enquanto cidadã partilhei-o na página pessoal, mas o senhor quer fazer disto o quê?!!! Eu não tenho problema nenhum em chamar os bois pelos nomes, mas você já devia ter tratado disto há muito. A partir do momento que soube do incidente, abra o inquérito e averigue”, vincou

No final, a vereadora lamentou que este tipo de situações aconteçam em Ponte da Barca e quis deixar uma reflexão. “Só me resta evocar  Einstein ao dizer que o mundo em que vivemos é realmente perigoso, não só pelos que fazem o mal, mas é sobretudo, e mais, por causa daqueles que têm uma atitude de indiferença, observam e deixam que o mal aconteça”.

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