Editorial

SALVE-SE QUEM PUDER
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Jorge VER de Melo

Jorge VER de Melo

Professor Universitário

Cem mil cirurgias adiadas no SNS entre janeiro e setembro de 2020.

Era de prever! A Ordem dos Médicos já tinha avisado. Mas a realidade dos factos, infelizmente não é esta, é bem pior.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Quem esteve minimamente atento ao sistema utilizado nos nossos hospitais, verificará que eles têm adiado as cirurgias a muitos doentes indicados para operações urgentes culminando em alta clínica quando todos sabem, médicos e utentes, que o doente continua com os mesmos problemas, na maioria dos casos, bem mais agravados. Serão ordens de quem manda?…

Por isso afirmamos estar em contexto de “salve-se quem puder”.

Nada disto é novo. O tempo tem-nos mostrado que somos governados dessa forma e o cidadão, na generalidade, até já aprendeu a conviver com tal modo de vida.

Acontece que assim as pessoas se tornaram muito mais egoístas. Esqueceram que vivem em sociedade, para salvar os seus interesses, não olham a meios nem a métodos para atingir os fins.

Naquilo que diz respeito à saúde, até é fácil de entender. As verbas têm vindo a diminuir nos Orçamentos do Estado para cada ano seguinte, logo, com a chegada da pandemia iria faltar tudo e mais alguma coisa no âmbito da saúde.

Esta postura perante a vida vem agravar de sobremaneira a situação pandémica.

É que os profissionais, vendo-se sem soluções para tanta urgência, resolvem desenrascar as situações da forma que está mais à mão, ou seja, salve-se quem puder.

Então acontece que, por falta de condições, misturam-se contaminados com doentes não contaminados, sem qualquer metodologia nem separação rigorosa, como se verificou no Hospital Padre Américo em Penafiel.

É isto que a pandemia quer. Quanto maior for a anarquia melhor, mais gente fica contaminada.

O que está a passar-se no Norte do país também tem uma explicação clara. Aqui existem muito menos profissionais de saúde do que no Sul, especialmente em Lisboa e Vale do Tejo.

Porquê? Será que é por se encontrar lá o Governo e a maioria dos votantes?

Assim se compreende porque razão existe uma tão grande diferença de contaminados no Norte relativamente ao Sul.

Só que nesta nossa Democracia isso não pode acontecer. A Constituição diz que todos temos direito à saúde (Artigo 64º do Diário da República nº 86/1976, Série I de 1976-04-10).

https://dre.pt/web/guest/legislacao-consolidada/-/lc/337/202002171639/128028/diploma/indice

Lembramos aqui que para se cumprir mais rigorosamente este Artigo 64º, deve existir uma assistência semelhante em todas as regiões do país. Não podemos distinguir saúde de uma pequena assistência quando ela existe!…

Esta coordenação da saúde já faz lembrar a dos incêndios.

Enquanto os acontecimentos estão serenos corre tudo bem, mas quando a coisa agrava, lá fica o caldo entornado. Como dizemos aqui no Norte.

Estes nossos Governos são tão iguais! Quando toca a barafunda, (salve-se quem puder).

Meus caros, (e bem caros políticos), tenham paciência, não percam tempo com estratégias eleitorais, neste momento elas são de orientação para a saúde. A pandemia não se compadece com nada nem com ninguém, vocês incluídos.

Será que o facto de estar politicamente correto resolve os problemas da saúde?

Claro que não!…

Por favor! Reúnam gente competente e capaz de organizar estratégias com os profissionais de saúde necessários para diminuir o número de mortos e de contaminados neste país tão pequeno…

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