Editorial

AFINAL NÃO HÁ DINHEIRO
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Jorge VER de Melo

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Jorge VER de Melo

Consultor de Comunicação

É verdade, afinal não há dinheiro para fazer contas com os professores.

Vamos ser justos! Congelaram as carreiras aos professores há mais de uma década. Têm andado, permanentemente a complicar o futuro de quem passa e passou imensos sacrifícios para atingir o grau académico e o tempo de serviço que lhes dá o direito, por lei, a uma carreira honesta, carregada de trabalho e de investigação.

Atitudes como estas só podem vir de quem não faz a mínima ideia do que é ter que se sujeitar a viver, durante anos a fio, longe da família e concorrer a colocações com regras voláteis, modificadas conforme os amigos de quem manda, prejudicando quem quer trabalhar honestamente e sem truques nem malabarismos pouco claros.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Em todo este tempo, têm aproveitado o facto dos professores, na sua maioria, exercerem aquela profissão por vocação, o que os leva a facilitar ingenuamente os abusos de quem dirige o ensino. Após António Guterres, todos os governos arranjam justificações para prejudicar permanentemente esta classe.

Inventaram até que os professores eram uns privilegiados.

Sabem qual o trabalho diário de um professor? Ora vejam:

– Levanta-se para ir para uma escola cumprir o horário letivo;

– Dá as suas aulas;

– Está presente em diversas reuniões de professores, de pais ou de atividades escolares;

– Substitui colegas em falta e dá apoio às aulas de compensação;

– Quando responsável por uma turma, tem que fazer um apanhado das faltas dos alunos e dos colegas professores dessa turma;

– Tem que comunicar as faltas, o aproveitamento e o comportamento aos pais dos alunos;

– Quando acontece, deve comunicar para que seja providenciada a substituição do professor em falta;

– Depois de todas estas atividades e mais algumas que nos poderão falhar, o professor regressa á sua casa que por vezes se encontra a centenas de quilómetros de distância da escola onde trabalha;

– Entretanto teve as despesas dos transportes, do almoço, dos lanches e em muitos casos do alojamento;

– Chega a casa, após o jantar: vai preparar as aulas, elaborar os testes, avaliar os trabalhos e os testes dos alunos;

– No dia seguinte regressa novamente à escola.

Falta mencionar as horas que despende em tempo de formação para obtenção dos créditos necessários à progressão da carreira que está congelada mas esses créditos continuam a ser obrigatórios.

Entretanto existem também as visitas de estudo, (chamam-lhe excursão ou passeio). Estas visitas são aulas no exterior, preparadas com responsabilidades acrescidas: da planificação, do transporte dos alunos, da alimentação, da recolha da verba correspondente a cada elemento, do comportamento dos alunos, do seguro e da contabilidades total da deslocação assim como do relatório respetivo.

Nestes casos, o professor é obrigado a justificar a falta às aulas porque não está presente nas instalações da escola e tem, na maioria dos casos, que pagar a sua própria viagem no autocarro onde vai trabalhar a visita de estudo.

Por tudo isso recebia em janeiro de 2017, início de carreira 836.47 e no 1º escalão 1061.53 euros. Comparemos com os dos assessores dos senhores políticos, com ou sem licenciatura, chegam a receber três ou quatro vezes mais e alguns sem produtividade visível.

Se isto é um trabalho de profissionais privilegiados!… 

Acontece que estão a destruir a “galinha dos ovos de ouro”.

Se não sabem, ficam informados de que numa democracia, o país vive dos cidadão que possui, são eles que pagam os impostos e que elegem, por sufrágio universal, quem vai governar.

Se têm dúvidas, consultem uma obra de Platão, “A República”, onde ele alerta para a importância do professor na formação do cidadão.

Ora, quanto melhor preparado, mais culto e informado estiver o cidadão, mais sustentabilidade e mais justiça existirá nesse país.

Todos sabemos que quem está a proceder desta forma tão depreciativa para os professores, certamente serão indivíduos que não passaram por uma vida de sacrifício para conseguir um diploma do ensino superior e um local para trabalhar, “sem favores nem falsificações”.

E já agora, lembramos que o professor é um cidadão. Tem direitos e deveres que devem ser cumpridos perante e pelo Estado.

Neste momento ficamos com a sensação de que eles acordaram para lembrar a quem governa que são cidadãos com direitos patentes nos seus “Estatutos da Carreira Docente”.

Esta classe merece respeito, até porque são realmente fundamentais para a evolução do nosso país.

Não sabem que a profissão mais respeitada em qualquer país do planeta é a de Professor?

Em Portugal parece que não!…

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