Editorial

Politicamente incorrecta! 
Picture of Arlinda Rego Magalhães

Arlinda Rego Magalhães

Partilhar

É suposto sermos sempre sociáveis, amáveis, escolarizáveis, em suma, razoáveis!

Tem obviamente a ver com o senso comum, a definição de uma pessoa normal.

Senso comum e normalidade fazem o par perfeito!

O problema está na Imperfeição, não é aceitável ser imperfeito, não encaixar no modelo descrito pela norma.

Hoje vamos defender os imperfeitos!

Aqueles que não usam blazer azul com calça bege, e meia preta subida.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Os outros que vestem camisa e imediatamente, dobram o punho e a manga para cima.

Os próximos, aqueles que nunca colocam as mãos atrás das costas, porque a barriguita não cede.

Os de sempre, que dizem alto e em bom som, que os governos se governam.

Os penúltimos aqueles que sentados, nos sessenta e muitos anos, já só querem ter razão e pôr os corruptos todos na cadeia.

E os últimos que denunciam um sistema de justiça, com dois pesos e várias medidas.

Subitamente surge ao fundo, a suposta perfeição dentro do seu carro eléctrico, respeitando as normas europeias. E sorrindo, acena com a cabeça, perante um grupo tão desconcertante!

Depois disse, alto e em bom som:

– Cheguei meu povo, cheguei!

– Estou a fazer a rentrée política do partido, como manda o calendário, a comunicação social e a nova ordem política!

– Não tenho nada de importante para dizer, por isso é que eu vim muito bem vestido!

– O dinheiro gasto nestes disparates, depende só de vós, meus caros, única e exclusivamente do vosso voto!

– Votem, votem em mim, vejam como sou perfeito a acenar, a olhar para a câmara e a valorizar o meu perfil!

Entretanto o povo dele, batia palmas, ao ritmo do hino do partido.

Cá atrás, como sempre, estava de pé, a verdadeira perfeição!

De mão dada com a neta, a perfeição ouvia atentamente.

-Avó o que é que aquele está a cantar? Não se percebe nada!

-Olha Inês, aquele canta, como o nosso galo preto, lá na quinta!

Afina a garganta logo de manhã, enquanto todos dormem, e ensaia a arte de bem dizer!

Palavras lindas, sonantes, mas vazias de conteúdo e de acção!

 

-Avó, mas isso é porque estão todos a dormir não é?

– Claro minha neta! Achas que se as pessoas estivessem acordadas, para a triste realidade do país e do mundo, estariam a bater palmas?

– Não avó!

Batiam com a bengala no chão, três vezes, como faz o avô, quando diz que ninguém quer trabalhar!

Deixemos a Inês a ouvir a música, e a avó as palavras ocas!

Agora Nós!

Por fim os únicos, que sabem pensar e avaliar e podem e devem decidir!

Pensar!

Nos ordenados dos licenciados cuja verba desceu 13%, e no ordenado mínimo que só desceu 0,2%.

Avaliar!

A dificuldade que os filhos têm em arranjar casa, e permanecem na casa da mãe e da avó.

Pensar!

Nos filhos que estão em Inglaterra, Irlanda, França, Suíça e Alemanha, já com filhos, e que não podem regressar.

Avaliar!

A dificuldade em rever os netos, uma vez que filhos/as, já se uniram a pessoas de outras nacionalidades.

Pensar!

No país, que se atreve a prometer bons ordenados, casas e empregos a estrangeiros qualificados.

Avaliar!

Que quem cá chega, são os estrangeiros sem formação específica!

Vêm engrossar a fatia dos subsídio dependentes, de forma significativa.

Em última análise. Nós, os únicos, depois de muito pensarmos, e avaliarmos poderemos concluir.

Concluir!

Que desta forma aleatória, arbitrária e sem regras a economia não pode crescer!

A carga fiscal sobre pessoas e bens é incomportável.

Os quadros superiores, emigram porque aqui não sobrevivem. E vão pôr a render os seus dons e excelente formação, em outras paragens.

O país aumenta o número de subsídio dependentes, mão de obra barata e humanamente explorada.

Finalmente!

Depois de muito pensar, avaliar e concluir.

Nós, todos nós, os portugueses Únicos, desde os últimos aos primeiros, resolvemos parar!

E perguntar!

Que país é este?

É este o nosso Portugal?

É este o Portugal com que nos queremos identificar???

Então os portugueses Únicos, acharam por bem decidir!

Decidir!

Que os seus queridos filhos/as, os seus netos/as francófonos, anglófonos, germanófonos, turcófonos e outros luso-descendentes, vão falar português, sentir orgulho na língua portuguesa e no seu legado familiar!

E vão pensar!

E vão avaliar!

E vão concluir!

E vão parar!

E vão decidir

E vão votar!

E vão ganhar Portugal!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Mais
editoriais

Junte-se a nós todas as semanas