Editorial

Bancos e o equilíbrio da economia
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Jorge VER de Melo

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Jorge Melo

Consultor de Comunicação

Finalmente conseguimos algum tempo para ler um livro que nos consumia o subconsciente pela necessidade de ser obrigatório para uma mais completa visão do que tem acontecido economicamente ao povo português.

Esta “viagem ao submundo dos banqueiros”, Banksters é a obra de Marc Roche, onde ele faz uma análise do comportamento moral dos banqueiros perante a sociedade. Devido aos problemas económicos existentes em Portugal, dedica algumas páginas aos acontecimentos mais relevantes nessa área.

Banksters resulta da união de duas palavras, Bankers = Banqueiros e Gangsters = Membros de uma quadrilha de malfeitores.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

A propósito do BES, Banco Espirito Santo, o autor afirma que até o Espirito Santo precisa de ser controlado. Diz ter sido demasiado grande para um país tão pequeno o que prova a existência de aventuras arriscadas nos mercados nacional e internacional. Ele afirma que o principal responsável se considerava acima da Lei devido ás estreitas ligações com os políticos. Sentia uma justificada impunidade.

Na análise ao processo avalia com uma crítica ao comportamento do regulador, demasiado frágil, o que faz concluir a existência de um Banco de Portugal sem atitudes, perfeitamente incompreensível.

Denuncia a presença em “paraísos fiscais” que considera mesmo sujos, como Panamá e Luxemburgo. Acha que escondeu questões ao regulador, mas este ou não foi capaz de o denunciar ou estaria comprometido com a situação. Afirma também que devido ao triângulo tóxico, “Governo-Finanças-Reguladores”, todos os responsáveis se deveriam ter demitido, por uma questão de ética.

Na sua analogia salienta o grande perigo de terem entrado na teoria da conspiração e aí todos defendem todos e ninguém sabe de nada. Para ele, os Bancos fazem manobras muitas vezes legais mas de forma imoral.

Entende que toda a elite da sociedade portuguesa que teve cumplicidade nesta derrocada, deve pagar pelo que fez e que a Justiça deve ir mesmo até ao fundo da questão porque enquanto o não fizer continuará o humilde cidadão a pagar essas contas.

Quanto ao Presidente da República que garantiu o BES sólido, o Regulador que não regulou, o Primeiro Ministro que se esqueceu de pagar à Segurança Social, deveriam ter-se demitido. Porque, afirma ele, um público que não sente existir comportamento ético da parte dos responsáveis, segue-lhes o exemplo procedendo da mesma forma perante o Estado e na própria sociedade.

Faz uma comparação oportuna entre os interesses dos banqueiros e os da sociedade. Como eles colocam sempre uma forte prioridade às suas receitas económicas perante os valores da sociedade, então o autor estabelece esses valores éticos relativamente à Bíblia e assim conclui que os banqueiros cometem permanentemente seis dos sete “Pecados Capitais” o que os coloca em muito má situação no juízo final. Cumprem todos os “pecados capitais” exceto o da preguiça porque são muito trabalhadores já que cada minuto vale dinheiro e a avareza não perdoa.

O grande problema é que estas pessoas tentam demonstrar que conseguem controlar o mercado financeiro, são os melhores cérebros do globo. Quando conseguem grandes lucros, arrecadam-nos para benefício próprio, mas se surgem desaires, alguém terá que pagar exceto eles. Depois, como justificação, alegam que os mercados são movidos por sentimentos.

Por isso, de vez em quando, aparece alguém ou alguma empresa com creditação ,” não se sabe como nem porquê”, que afirma prever-se algo horrível no mercado, imediatamente todos vendem. Alguns dias depois, essas mesmas entidades dizem que tudo está a correr bem e com isso ficaram mais ricos.

Porquê?

Porque quando divulgaram o boato todos venderam ao desbarato e eles foram comprando, passados alguns dias ou meses informam que tudo está formidável e vendem novamente, mas agora em alta acrescentando que estão ricos, para aguçar mais o apetite dos mercados. Chamam a isto sentimento do mercado.

E assim se pagam enormes salários a pessoas que fazem rigorosas análises do mercado que mais se assemelham ao dito popular,”Maria vai com as outras”.

Será que algo de científico se pode tirar daqui?

Será que grande parte de tudo isto é simples conto do vigário?

A verdade é que para já, aqui no nosso “jardim à beira mar plantado”, não podemos nem confiar no Banco de Portugal, até comprovarem o contrário!

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