Editorial

Escrever postais
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Arlinda Rego Magalhães

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No auge da Internet e das comunicações, ver dois jovens Noruegueses, numa esplanada a escrever postais, é de um outro Mundo.

O da nossa infância e juventude.

Todos fomos assim, um dia.

Nos passeios escolares ou férias ou viagens de peregrinação, nós escrevíamos postais. Comprávamos os selos mais bonitos, e era uma alegria.

Havia jovens, a fazer colecção de postais selados.

Por isso era uma loucura!

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Pois é, já se esqueceram? Também eu!

Mas houve quem começasse a namorar, com o rapaz ou rapariga, que tinha enviado o postal mais bonito. Conheço pelo menos duas maravilhosas histórias de amor. Num caso, porque ela fazia colecção de postais com rosas.

No outro era ele, que fazia colecção de paisagens.

Era o valor da palavra escrita!

Sim porque sempre que escrevemos, ficámos vinculados de forma perene.

As juras de amor, as declarações ensaiadas, as palavras mais bonitas do dicionário.

Era magia, aquilo que o postal fazia.

Nos aniversários nunca se dava o presente, sem ser acompanhado pelo cartão ou postal.

Dava uma trabalheira, encontrar as palavras certas, para as pessoas que conhecíamos menos bem.

E para os familiares havia sempre a introdução, o meio e o fim, tinha de ser bem escrito. Afinal éramos estudantes.

Bons tempos, os da escrita normal.

Sem acordo ortográfico, sem expressões em Inglês, sem “kk” e sem “lol” e sobretudo sem “emogis”

Pois é, agora não fazemos nada, sem ilustrar o nosso estado de alma.

É tão mais fácil! Nem temos de dar voltas à cabeça, para explicar os nossos verdadeiros sentimentos, sem haver margem para dúvidas.

Era um preciosismo de linguagem! Mas aprendíamos a comunicar, a estabelecer e manter uma conversa.

O que nós nos esforçávamos, para sermos ouvidos pelos adultos.

Meu Deus, como tudo mudou, tão mas tão depressa, que hoje em dia, até parece que nem é preciso falar, basta enviar um Like!

E já está. Mais um amigo(a).

Os miúdos nos nossos dias, têm milhares de “amigos virtuais” mas nunca ouviram o som da sua voz. Nunca o olharam nos olhos.

Nunca lhe deram a mão.

Nunca o viram como pessoa!

Mas têm centenas, milhares de “amigos”, que não conhecem de todo.

Podíamos voltar a escrever postais, de todos os sítios por onde passámos.

É só uma ideia…

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