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Festa a dobrar nos Arcos quando as quintas recebem muitos vindimeiros

Os meses de setembro e outubro são sempre organizados em torno das vindimas. Nos Arcos de Valdevez, por entre ramadas, beiradas e socalcos, cada vindima, com ou sem programa, é um momento de festa. O Minho Digital acompanhou o ambiente contagiante tão característico das vindimas alto-minhotas, que são vividas intensamente por quem nelas participa.

A vindima de 2016, apesar de, nalguns casos, revelar menor volume produtivo em relação à campanha anterior, apresenta um excelente padrão de qualidade. O tempo quente nos meses de maturação fez “caprichar” as uvas gerando um vinho equilibrado e aromático. As chuvas que caíram em setembro, também, ajudaram a purificar as castas.

Na essência das vindimas está a bulício à volta da apanha, dos cheiros e sons da natureza. O fim de setembro e a primeira semana de outubro são o “retrato” disso mesmo. Em Soajo, cerca de quarenta vindimeiros ajudaram, no passado sábado, 1 de outubro, Maria Amélia Barreira (“Nela do Videira”) a colher as uvas. A filha, Sandra Barreira, com habilidade para o ofício, elogiou a qualidade da safra. “Este ano, fruto de condições muito favoráveis nos meses de verão, a uva é muito boa, tem um ótimo índice de açúcar, com bom teor de álcool, e há um aumento de produção na ordem dos 15%”, resumiu a jovem, que, fazendo jus ao lema “a vindima é uma festa”, trouxe com ela vários amigos, provenientes de localidades como Vieira do Minho, Ovar e Porto.

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No seio do alegre grupo, de várias faixas etárias, contam-se alguns estreantes, carinhosamente saudados pela produtora Maria Amélia Barreira, numa visita à quinta para acompanhar o evoluir do trabalho, interrompendo, na circunstância, os preparativos do pequeno-almoço reforçado que iria ser servido depois. De entre os principiantes, incluem-se Teresa Lage, Florinda Proença, Sónia Neto e David Neto. Pelo contrário, do lado das caras conhecidas desta vindima, entre outros, estão Virgílio Barreira, António Barreira Júnior, Botelho, António Neto, João Pires e a “matriarca” Palmira Pires, de 75 anos, que gosta de carregar cestos à cabeça.

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Nas conversas cruzadas, todos assinalam o excelente estado sanitário das uvas. A mesma conclusão ouviu-se noutras safras. A produtora Luísa Cunha fez, igualmente, um balanço extremamente positivo da colheita. “Este ano, colhemos cinco dornas de uvas, o dobro das do ano passado, e o teor alcoólico é ótimo”, diz, concordando que os meses muito quentes de verão favoreceram o desenvolvimento e a maturação da uva, fator determinante para equilibrar o nível de acidez e dar cor às castas tintas, tornando 2016 um bom ano vinícola.

O jovem casal Marta e Daniel Couto, com parte da vindima feita na mesma sexta-feira, exalta a qualidade da produção de uva branca, apesar de 2016 ser um ano menos fértil. Manuel Couto explica que “as chuvas de maio e junho queimaram os cachos e determinaram uma quebra da colheita”, opinião subscrita por Maria do Canto Pires. Sem grandes lamentos, enquanto tiravam o branco de “bica aberta”, todos prognosticavam, no entanto, uma colheita melhor para as uvas tintas.

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Independentemente do volume da safra, os produtores e sócios da Adega Cooperativa de Ponte da Barca, como Luísa Cunha e Maria Amélia, têm legítimas expetativas quanto ao resultado final. Os prazos de pagamento aos fornecedores estão a ser encurtados e o consórcio Viniverde, que inclui a Adega Cooperativa de Ponte da Barca (abrange uma área de produção de 850 hectares), tem vindo a apostar, com sucesso, na internacionalização para expandir o negócio. A seguir ao vinho do Porto, o verde é, atualmente, o segundo vinho nacional mais exportado. Conta com cerca de 22 mil produtores (destes, novecentos são sócios da Adega Cooperativa de Ponte da Barca).

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De referir que o vinho verde, cuja demarcação de denominação de origem controlada remonta a 1908, é apresentado como sendo único no mundo. Os brancos e rosados, por regra, são aromáticos e muito frutados, já os tintos têm boa intensidade de cor e são frutados. Como derivações de reconhecida qualidade, há, ainda, o rosé e o espumante, sendo o grupo Viniverde uma referência.

A campanha de vindima na Adega de Ponte da Barca terminou no passado dia 4 de outubro.

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