Editorial

MENTIRAS QUE SÃO VERDADES POLITICAMENTE CORRETAS
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Jorge VER de Melo

Jorge VER de Melo

Professor Universitário

(Aposentado)

Todos conhecemos, porque já sentimos na pele, a falta de capacidade de atendimento nos hospitais.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Apenas os nossos Governos dos últimos mandatos acham que todas essas condições estão politicamente corretas.  Somos “Campeões do mundo em quantidade de mortos e contaminados por 100 mil habitantes.”

Esta conversa apenas serve para apoiar a afirmação de que presentemente, no que diz respeito à política de saúde, está tudo errado.

Ninguém põe em causa a competência das pessoas nem a qualidade dos serviços, mas sim a falta de condições físicas e do número de trabalhadores necessário para poderem atender os utentes a tempo de tratar os seus problemas de saúde.

Afirma categoricamente o nosso Primeiro Ministro que as escolas não são uma fonte de contaminação epidémica. Ou está muito mal informado ou a mentir com verdades politicamente corretas porque as estatísticas e notícias do dia 18/01/2021 não concluem nada do que ele disse. https://postal.pt/saude/2021-01-20-Apenas-9-paises-europeus-tem-alunos-com-aulas-presenciais

Será que na tal reunião, onde os especialistas tomaram as novas decisões de prevenção para contenção da pandemia, estavam pedagogos a decidir continuar com as escolas abertas? Não acreditamos!…

Qualquer especialista em pedagogia e não só, sabe que as crianças desde a puberdade até ao fim da adolescência não aceitam e com muita dificuldade cumprem quaisquer regras que os obriguem a conservar-se separados dos seus amigos.

Os beijinhos e os abraços, beliscões e pancadas nas costas são para eles sinais muito especiais de ternura e amizade. É perfeitamente patético tentar contrariar esta situação quando existem outros processos, talvez menos eficientes do que as aulas presenciais, para resolver a situação do momento.

Outra mentira transformada em verdade politicamente correta é o facto de todos os Representantes Governamentais afirmarem que os hospitais estão próximo da rutura.

Eles já estavam em rutura e não próximo dela, antes da pandemia. O que nos tem valido são os profissionais que lá se encontram. Mal pagos como sabemos, sem carreira e sem apoios Governamentais fundamentais, mas vão dando conta da pandemia e aguentando até à exaustão.

O que acontece neste momento está muito pouco relacionado com o comportamento das pessoas, embora ultimamente se vá notando alguma irresponsabilidade. Claro, com tanta desorientação dos políticos!…

Vamos então confirmar tudo isto com a necessária ponderação nos noticiários:

  • Todos nos recordamos dos tempos de espera para o atendimento nos hospitais antes da pandemia;
  • Sabemos que para as consultas das especialidades não existiam médicos nem enfermeiros suficientes, por isso as demoras;
  • Recordamos também que as intervenções cirúrgicas estavam muito atrasadas por falta de camas, de salas para operações, de cirurgiões, de profissionais para apoio logístico, etc.;
  • Assim como a dificuldade em contactar as instituições de saúde por falta de linha e de pessoal para o atendimento.

Daí verificarmos que era previsível com a pandemia, tudo piorar. A questão é de vida ou morte!

Pessoas ficam contaminadas e morrem por culpa de um sistema que só poderia dar esta resposta:

  1. Os doentes COVID passam horas a tentar ser atendidos telefonicamente para saberem como proceder;
  2. Quando entram em desespero devido a tanto tempo de espera seguem para o hospital mais próximo, de qualquer maneira, contaminando tudo e todos;
  3. Chegados ao hospital levam mais uma espera de várias horas até começarem a ser tratados;
  4. Quando os médicos vão realmente atender o doente, já ele está mais morto do que vivo.

Mesmo os pacientes de outras especialidades ficam sujeitos à contaminação quando recorrem a hospitais ou centros de saúde. Qualquer pessoa, ao deslocar-se nos transportes coletivos, encontra tal confusão que só escapa quem for imune. Com transportes insuficientes não há distanciamento!…

Agora digam que a culpa é só do incumprimento das regras. Será que estamos a sofrer os efeitos de alguma incompetência? Ou da falta de informação de quem manda?

Caros Governantes, esqueçam o politicamente correto e cumpram o politicamente concreto, por favor!…

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