Helena Oliveira
Médica *
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O projeto SRNOM – Mudança com Norte foi-me apresentado em Maio deste ano como algo distinto, inclusivo, apartidário, onde todos teriam direito a expressar as suas opiniões com máxima liberdade e onde o papel dos mais novos seria preponderante.
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Esta descrição confesso que, na altura, me pareceu utópica e diametralmente oposta da realidade instalada onde o “lambe-botismo” e a acefalia conjunta, vulgo “carneirismo”, parecem ser necessários para pertencer a um grupo que nos dê acesso a posições com poder (mesmo o mais pequeno deles todos). Vivemos num tempo onde quem ocupa os lugares de topo da hierarquia parece não saber como exercer a sua função ou, sub-repticiamente, nos faz acreditar nessa incapacidade, ocultando as suas reais intenções. Talvez a segunda seja a hipótese mais acertada, é sempre precisa alguma arte para se mandar. As chefias (algumas chefias, que generalizações são manobras perigosas) estão, por isso, desacreditadas.
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A nós, aos jovens, concretamente aos jovens médicos, foi-nos incutida esta ideia ridícula de que a nossa inexperiência é diretamente proporcional à nossa incapacidade para estar em posições de algum destaque. Somos assumidos, por algumas chefias, como incapazes de participar na obtenção de soluções que ajudem a reorganizar os serviços, mas somos, paradoxalmente, a solução de todos os problemas que se vão encontrando. Mais uma urgência aqui. Mais um turno extra ali. Mais uma consulta aqui. Mais uma manhã de internamento ali. Mais uma tarde de bloco aqui. O que significa menos uma tarde de estudo, menos uma manhã de laboratório, menos uma tarde em família. Somos um recurso (quase) inesgotável. Desdobramo-nos infinitamente, pelos doentes. Somamos horas extra e responsabilidades. Subtraímos horas ao tempo que devíamos dedicar ao estudo, a formações de relevo, à investigação científica, à docência e, ainda mais importante, ao nosso projeto de vida paralelo à carreira profissional.
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Por isso estamos aqui para a Mudança. Para uma Mudança que é urgente para restaurar a nossa esperança num Nortemédico – Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos forte. Para indicar soluções. Para antecipar problemas. Para mostrar para onde aponta o Norte nesta bússola desnorteada. Para aprender com o passado, respeitando o legado deixado por aqueles que são para nós referências. Para mostrar que investir na nossa formação (dentro e fora de portas) não é sinal de menos horas na urgência (uma visão altamente redutora), é caminho para a construção de um futuro de uma medicina de qualidade e a par dos grandes centros. Para mostrar que horas extra em catadupa não nos fazem ser melhores médicos. Para mostrar que a “curriculite aguda” é o espelho de uma mentalidade caduca onde o peso (literalmente o peso) do CV é mais importante que o conteúdo. Para mostrar que nós somos veículos de ideias renovadas para fortalecer o rúptil sistema de saúde.
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Aceitei o convite que me foi endereçado para concorrer como vogal do Conselho Regional Norte porque este grupo é diferente. Somos disruptivos, se me permitem, no bom sentido. Este grupo renovou-me a crença de que pode haver encanto nas chefias, quando se trabalha em equipa, rumando no mesmo sentido.
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O compromisso desta lista para com os internos é sério. Esta equipa nunca se escudou (nem escudará) na inexperiência dos jovens para não lhes dar voz. Desta Mudança fazem parte dezenas de internos. Sim, somos dezenas. Os jovens são uma das grandes forças motrizes deste projeto que tanto trabalho e, simultaneamente, orgulho nos tem dado. O nosso currículo pode ter poucas linhas, mas a nossa vontade de lutar pela defesa dos doentes, pela dignidade da classe médica, por uma formação médica de excelência e desenvolvimento das carreiras médicas e pela reorganização dos serviços de saúde, sem ter como estímulo o uso da Ordem como um trampolim para uma carreira política ou outros interesses paralelos que não se circunscrevam às missões definidas pela lista, excede largamente o currículo (ou falta dele) que nos trouxe até aqui.
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Candidata a Vogal do Conselho Regional
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