Editorial

Teatro das Comédias
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Zita Leal

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É uma espécie de regresso ao passado quando a televisão abriu os olhos e fez concorrência à coxinha do Tide, ao Zequinha, à Lélé.

Os Parodiantes de Lisboa ainda se aguentaram muito tempo mas também eles foram perdendo audiências. Os serões televisivos eram curtos, acabavam por volta da meia noite mas consolavam-nos os ouvidos e as vistas. Quais top models, quais quê? Mulheres de carne e osso mais carne roliça que osso mirrado cantavam o fado castiço, bem lusitano com vozes fortes, sem vocalizos, ou técnicas de projecção que entravam pujantes nas nossas almas sem pedir licença. Saudades da Amália do Cais do Sodré, da Hermínia do Pacheco, do Marceneiro, do Farinha…

E a noite dedicada ao teatro? Paulo Renato, Raúl de Carvalho, Amélia Rey Colaço, Vasco Santana ensinavam-nos os grandes nomes da Literatura e da Cultura Teatral e a gente gostava de aprender. Saudades destas lendas do palco!

Esta noite também apareceram actores no écran televisivo, mas com uma pobreza de talento realmente confrangedora. Quase um monólogo pobrezinho de dar pena, possivelmente até o Vaqueiro do Gil se arrepiou de tristeza, remeteu-me para um Teatro da Comédia de há cinquenta anos atrás e eu disse para os meus botões: “Por favor encaminhem esta gente para cursos intensivos de formação. É que mesmo para mentir, posto que um actor inventa verdades, é preciso saber fazê-lo se não, não convence ninguém.”

Formação de actores precisa-se! Teatro das Comédias é urgente refrescá-lo!

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