Editorial

Violência doméstica ou violência machista?
Picture of Damião Cunha Velho

Damião Cunha Velho

[[{“fid”:”63483″,”view_mode”:”default”,”fields”:{“format”:”default”,”alignment”:””,”field_file_image_alt_text[und][0][value]”:”Damião Cunha Velho “,”field_file_image_title_text[und][0][value]”:”Damião Cunha Velho “,”external_url”:””},”link_text”:false,”type”:”media”,”field_deltas”:{“1”:{“format”:”default”,”alignment”:””,”field_file_image_alt_text[und][0][value]”:”Damião Cunha Velho “,”field_file_image_title_text[und][0][value]”:”Damião Cunha Velho “,”external_url”:””}},”attributes”:{“alt”:”Damião Cunha Velho “,”title”:”Damião Cunha Velho “,”height”:”171″,”width”:”171″,”class”:”media-element file-default”,”data-delta”:”1″}}]]

Damião Cunha Velho

w

Os escandalosos números de vítimas mortais por violência doméstica em Portugal deviam envergonhar-nos.

w

Até junho deste ano, dezasseis mulheres e uma criança foram assassinadas.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

 w 

As desavenças entre casais, que normalmente e infelizmente acabam em tragédia, aqui em Portugal designamos por “violência doméstica”, já em Espanha chamam-lhe “violência machista”.

 

Apesar da diferença na designação, os agressores e as vítimas são os mesmos, a lentidão das autoridades e o desmazelo dos vizinhos, que sabem e se calam, também é igual.

 

Estes crimes hediondos atingiram números de tal forma elevados que já devia ter sido considerado um problema de Saúde Pública.

 

Quando um caso com um fim trágico acontece, os meios de comunicação social comportam-se como abutres e hienas e usam a vítima ou as vítimas como chamariz de audiências.

Logo fazem um debate com psicólogos, psiquiatras, associações de apoio à vítima…mas, mal a coisa arrefece, tudo cai no esquecimento e tudo fica na mesma.

 

Muitas mulheres são barbaramente assassinadas por homens que lhes juraram amor eterno, até que a morte os separe, sendo o homem que a adianta.

 

Existem outras vítimas desta calamidade. Normalmente são os filhos do casal, que muitas vezes ficam órfãos.

 

Geralmente, a vítima, mulher, tem dificuldades em denunciar a situação, porque é um crime que acontece no ambiente familiar, entre quatro paredes, difícil de provar, e também por aspectos de dependência económica.

 

A resposta das autoridades, em algumas situações, chega a ser ridícula. Em Espanha, um juiz pôs o marido, o agressor, a viver no primeiro andar da casa de ambos e a mulher no segundo andar da mesma casa.

O fim era previsível e o marido queimou a mulher até à morte.

 

A designação “violência machista” também pode ser injusta porque, apesar de ser residual, também existem casos de violência doméstica de mulheres para com os seus maridos.

Foi um caso de assédio, mas com contornos semelhantes aos da violência doméstica, o que sofreu António Ribeiro, vocalista dos UHF, e que até publicou um livro sobre isso.

 

Em síntese e repetindo-me, este problema, dada a sua dimensão,  já deveria ser um caso de Saúde Pública.

Os aumentos de casos de ano para ano deviam preocupar-nos. A passividade não combina com a tortura e a morte de inocentes.

 

Portanto, e citando Saramago em  “Ensaio Sobre a Cegueira”: “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”.

 

Eu acrescento: “Se reparaste, denuncia!”.

 

Mais
editoriais

Junte-se a nós todas as semanas