Pudera… Fim de aulas, fim de sapatos fechados, fim de camisolas de lã que picavam na pele, fim de gorros a oprimirem os meus caracóis à Marquês de Pombal…
Hoje, início do Verão, almoço de restos, fim da linguiça, da entremeada, da carne dos fios, da morcela, da farinheira. Pior mas muito pior, o fim da minha condição de mulher velhota mas bem resolvida na vertente feminina que a natureza me reservou. Culpado quem? Claro que foi ele. Leitor assíduo de jornais do café, faz questão, e ainda bem, de me trazer informações da actualidade. – “ Li, há pouco, que agora deverá chamar-se a uma mulher um “ não homem “. Que me dizes? “ Nem respondi.
Não encontrei palavras que saíssem calminhas da minha garganta seca de raiva, só remordia impropérios dignos de machos das cavernas enquanto o olhava de olho arregalado a chispar fogo pelo arremedo de pestanas que me restam. Eu que sempre me revoltei com essas histórias da carochinha que asseveravam que a mulher tinha sido feita de uma costela do Adão, felizmente agora desmentida pelo Papa Francisco ( o que lhe deve ter custado muitos amargos de boca ), que me insurjo contra os países, as religiões que desprezam a condição feminina, que me revolto com todas as formas de escravidão física, psicológica, social e moral que as mulheres sofrem até nos países ditos democratas e aqora vêm-me com esta nova nomenclatura?
O mundo está louco mesmo. Recuso-me a ser chamada de não-homem.
Mulheres e homens deste mundo gastem os vossos neurónios a estudar novas formas de melhorar a Vida, de fazer renascer a Esperança e a Fraternidade entre os seres que partilham o Planeta Terra. É urgente.
E quero continuar a gostar do Verão apesar dessa novidade de 21 de Junho.
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