Editorial

DEMOLIRAM A PRAÇA DE TOUROS, PORQUÊ?
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Cristina Miranda

Cristina Miranda

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Nunca vi um país mais despesista e sem respeito algum pelo património como este nosso pobre Portugal dos pequeninos. São  demolições desnecessárias e onerosas a torto e a direito como se o dinheiro dos impostos nascesse nas árvores. 

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

 

Não é um problema único desta autarquia que por acaso é PS e já governa este concelho há várias décadas. Não. Infelizmente é um mal de que padece quem alcança o poder em Portugal: julgar que o dinheiro público não é para gerir mas sim para gastar à fartazana como se não houvesse amanhã. 

 

Acontece que gerir sem responsabilidade traz dois problemas graves e irreparáveis ao país: o primeiro é a dívida colossal que obriga a recorrer a empréstimos internos e externos que penhoram o país por décadas obrigando a aumentos sucessivos de impostos para equilibrar minimamente as contas; em segundo porque destruir património é destruir a nossa história, a nossa identidade enquanto povo. 

 

Isto não se vê em países bem governados. Só quem nunca saiu daqui é que não sabe que lá fora, em muitos países, o património seja arquitectónico ou natural, é de tal modo   respeitado que visitá-los é como viajar no tempo, além do assombro visual com paisagens lindíssimas e bem cuidadas. São países que contam histórias passadas de outras civilizações.

 

E nós? Bem, como temos governantes que só se preocupam em saber quanto vão lucrar por fora com as obras,  quanto mais demolirem, maior é a fatia que cabe a cada um. Basta ver todas as adjudicações feitas, a maioria directas sem concurso, e quando os há, é sabido que a obra adjudicada por um determinado valor será inflacionada à posteriori alegando tudo e mais alguma coisa. 

 

A nossa praça de touros é património. E goste-se ou não de touradas – não é de todo o que está aqui em causa – tinha de ser preservado. E depois, fazer as adaptações à nova realidade por  já não servir para o fim a que se destinava.

Em Lisboa o Campo Pequeno é hoje uma sala de espectáculos, entre outras coisas. Porém, todo o edifício foi preservado. Por que razão não se fez o mesmo em Viana? De repente a autarquia que não tem dinheiro sequer para ajudar a apetrechar o hospital com equipamentos novos (os actuais estão totalmente obsoletos) demonstra que afinal tem dinheiro de “sobra” quando o assunto é “demolir”. 

Campo Pequeno

(Foto Jornal Económico)

Os mesmos que dizem por aí que por ser símbolo de  sofrimento dos animais,   fizeram muito bem em demolir, são também aqueles que vão de visita a Itália para ver  o coliseu de Roma e ainda tiram fotos no seu interior. Que saberíamos sobre a  História da Humanidade se todos os que têm poder no Mundo seguissem o mau exemplo dos nossos autarcas despesistas?  Sejam boas ou má memórias a nossa história conta-se através do que nos deixaram os nossos antepassados.

Coliseu de Roma

Tenho a  plena convicção  que no dia em que houver responsabilização civil e criminal  sobre a forma como é gerido o erário público, esta falta de respeito pela nossa história e sobretudo por quem paga impostos (e muitos) em Portugal, terminará.

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