Editorial

Lavradas–Ponte da Barca: Uma Páscoa Diferente – Uma Cruz… Sem Jesus!
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António Luís Fernandes

A freguesia de Lavradas, em Ponte da Barca voltou a ter uma Páscoa com amêndoas amargas, se atendermos à situação em que se encontra o processo de reconstrução da igreja paroquial. Que se arrasta no tempo e na história da freguesia.

Vergonha que se tornou peçonha! Sob o lema: “Lavradas – uma freguesia injustiçada”, a população, na sua maioria, decidiu não abrir a porta à cruz, por não trazer nela Jesus!

Uma cruz sem Jesus por não haver coerência, nem plena consciência da dimensão dos danos causados. Por faltar a essência e a honestidade imprescindíveis para uma Páscoa verdadeiramente feliz. Por não ter havido a coragem e a lealdade, o diálogo e a comunhão fraterna, durante todo este tempo! Pela provocação e desvarios. Pela própria negação da esperança cristã. Pela falta de transparência e verdade. Pela incongruência e outros atropelos, que só nas barras de um tribunal se podem clarificar. Pela hipocrisia e cinismo reinante. Pela humilhante falta de justiça, num doloroso processo que se arrasta há mil oitocentos e desanove dias. Pela pouca vergonha gritaram, um escândalo – disseram outros em uníssono. Uma cruz sem Jesus, numa Páscoa sem o sentido da comunhão fraterna e da paz! Uma cruz despida de valores e da ética, que nos deve servir de guião. A evocação da igreja ardida há quase seis anos foi constante e de propósitos agravados; de injúrias e outros ditados que não abonam a nossa identidade comunitária. Atingindo por dentro as instituções, política e religiosa.

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Os acontecimentos dramáticos que, ao longo destes anos, vivenciamos e que incluem a morte abrupta do Sr. Bispo D. Anacleto Oliveira e a pandemia, pouco ou nada ensinaram a quem tem o poder e o dinheiro! Tais ocorrências – que envolveram as pessoas e as instituições – seriam, numa sociedade saudável, suficientes para arrepiar caminho e actuar em conformidade, no estrito cumprimento do dever legal e de cabal reparação.

O incêndio de 18 Dezembro de 2017 e as suas pungentes consequências foi acudido de imediato pela população, que aderiu, de forma espontânea, à campanha e angariação de fundos. De tal modo que, na Abril de 2018 havia o dinheiro suficiente para dar início às obras de reconstrução, a partir das cinzas, da igreja. O resto da história é do conhecimento geral e contém o sabor amargo da fraude e da ingratidão!

Chegou mais esta festa da Páscoa. Que cada cristão pode continuar a viver, na fé e na alegria. Na intimidade com Jesus Cristo ressuscitado, o Deus da vida. De facto, não é o Compasso, nem a Igreja, que estão primeiro! O sentido da justiça e da verdade primam sobre os ritos e a tradição. Porque “antes da devoção está a obrigação!” –“Vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão e vem depois”. –Evangelista S. Mateus. Ou seja, ide primeiro reconstruir a igreja e só depois passai com a cruz. Dando renovado sentido ao tríduo Pascal, numa freguesia reprimida, enxovalhada, injustiçada! Reparai pedindo desculpas e/ou perdão, se é que ainda se pode perdoar tanta injustiça junta. Como poderia haver “uma santa páscoa”, com este cenário de fundo? Como é possível andar a distribuir sorrisos e ao mesmo tempo compactuar com estas flagrantes injustiças, verdadeiros crimes? Como é possível desejar “santa páscoa”, quando se nega a essência da fé, da esperança e da caridade que é amor?

Ter uma Páscoa Feliz exige de nós coerência, verdade e justiça. Fora disso, desenganem-se, demitam-se!

 

3 comentários

  1. A igreja já podia estar reconstruída como foi pedido ao povo para ajudar financeiramente. Não está porque existem certamente interesses menos claros para se construir uma nova igreja ao contrário do que foi inicialmente pedido. Interesses pouco cristãos que agora vão ter um preço maior já que depois da pandemia e da guerra os custos das obras foram inflacionados. Entretanto, não há igreja e não há vergonha para tristeza de quem vive e quer a antiga igreja de volta.

  2. Esta obra da Igreja de Lavradas faz-nos lembrar as obras de construção do TGV, do novo aeroporto na região de Lisboa,etc.. Como cristão praticante esta guerra deixa-me triste,bem como a muitos outros, porque penso que Jesus não pede edificios luxuosos, mas ,sempre, apelou para a humildade. A freguesia de Lavradas não deve ter milhares de habitantes e se a Igreja que ardeu em 2017 servia, porque será preciso, para alguns, construirem uma nova Igreja? Por
    vaidade, para satisfazerem o seu ego, com o “somos os melhores”? Apelo a todos os cristãos de Lavradas que se unam na sua fé baseada na humildade do nascimento de Jesus,numa gruta, e não num edificio ou palácio real. Jesus disse “Os humildes serão exaltados e os soberbos serão humilhados” .Aos cristãos de Lavradas e ao seu Pároco apelo paea que todos sejamos humildes e Jesus nos recompensará.

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