Editorial

Não se guiem pelas aparências 
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Damião Cunha Velho

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A primeira impressão que se tem de uma pessoa é importante.

Porém, não deve ser o critério mais importante para definir alguém, porque esse exercício revela mais sobre nós, os nossos preconceitos, do que sobre os outros.

Vou contar uma pequena história que se passou comigo e que ilustra bem como se fazem julgamentos fáceis com base em adereços.

Quando era bancário, ao sair do Banco, fui entregar uma caderneta a um bom cliente. Muito bom, aliás, com um saldo invejável para o comum dos mortais.

No caminho para a casa dele, passei junto a um stand da Mercedes e vi um Mercedes que andava já há algum tempo a pensar comprar. Contas feitas, tinha dinheiro para o carro a pronto pagamento. Parei o meu carro à porta do stand, um Seat Ibiza comercial branco que mais parecia um frigorífico e entrei na loja.

Eu não vestia fato nem gravata e não usava, nem uso, roupas de marca. Aliás, conheci uma pessoa que só comprava roupas de marca pela qualidade das roupas, mas depois mandava descoser o logotipo da marca, por não gostar de dar nas vistas (mas também por entender que ninguém lhe pagava para fazer publicidade a essas marcas). Discrição que aprecio.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Dentro do stand, comecei a namorar o dito Mercedes. Abri a porta, sentei-me no lugar do condutor, imaginei-me a conduzir e até estava a gostar do carro. Pensei: “Talvez o compre”.

Entretanto, o vendedor apareceu e, com um ar altivo, pediu-me que saísse do carro porque já estava vendido. Não me sugeriu ver outro carro, nem me disse bom-dia, nem boa-tarde, e não mostrou qualquer interesse em me atender sequer. Resumindo, não me ligou patavina.

Esperei, algo podia mudar, e continuei a namorar o carro.

Enquanto isso, o vendedor permaneceu sentado confortavelmente na sua secretária, sempre com uma desconfortante indiferença para comigo, apesar de estarmos só nós os dois naquele espaço.

Tudo tem um limite, quer para a minha paciência, quer para a soberba do vendedor.

Então, aproximei-me dele e atirei-lhe para cima da secretária a caderneta aberta do cliente do Banco, fazendo-a passar por minha. Obviamente, tinha ocultado o nome do cliente, e só sobressaía o saldo chorudo.

Tudo mudou a partir desse momento.

O senhor, não mais me largou e mostrou-me com detalhe todas as virtudes do carro. Uma tarefa que demorou quase uma hora. Até o capô do carro abriu para que eu me deslumbrasse com aquela maravilha. Eu, que nada percebo de mecânica.

No fim daquele espetáculo de submissão que fui apreciando, com gozo, confesso, disse-lhe: “Gostei do carro, mas jamais lhe comprarei um Mercedes. Pelas roupas que eu trago vestido, pelo meu modesto carro, achou que eu não tinha dinheiro para um Mercedes, não foi? Mas, depois de ver o meu saldo bancário, vendeu-se. E, eu não aprecio pessoas que se vendem!”

Portanto, não se guiem pelas aparências. Pois, nunca sabemos com quem estamos a falar, para o bem e para o mal!

2 comentários

  1. Amigo,

    Não li, o que, sei, que escreveu.
    Já nos conhecemos às direitas e às avessas.
    Só assim o homem se entende.
    Sou frontal.
    E não gostam.
    Faço e desfaço.
    Chateio.
    Sanearam-me, mas, também, me auto…
    Não sou nada na escrita, o que não pratico.
    Queria felicidade em cada ser que não pediu para nascer.
    Vou deixar de acreditar.
    Irracional sempre.
    Nós ai que aflição…
    Comer e beber para a humanidade.
    O resto é acrescentar.
    Isto não vai ser publicado.
    OK.

  2. Um dia descobri o MD ou o MD descobriu-me.
    Desde esse momento estive por aqui, comentando.
    Vários amigos que por aqui andam, leram o que escrevi, e até me responderam.
    Obrigado por me terem lido, e mais por me terem respondido.
    A si, AMIGO, não li, o que escreveu. Mas já li, e ouviu mais uma pessoa, e relatei o conteúdo a outra pessoa. Três pessoas souberam do que escreveu. A Redacção, claro, que leu.
    Qual será a próxima palavra no planeta.
    De Vida ou de Morte.
    Quem me consegue convencer que o planeta Terra é o mesmo dos Dinossauros?
    É o planeta do Dinheirossauros.
    AFIRMUniverso.
    Ainda há SOLidariedade.
    30M€ para as JorNADAs.
    Davam para a habitação jovem.
    G€STOR…s

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