Editorial

“O Povo unido jamais será vencido “
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Damião Cunha Velho

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Recentemente temos tido em Portugal manifestações de protesto contra o governo, por várias razões.

Em todas essas ações de rua grita-se “jamais será vencido” a seguir à(s) palavra(s) referente(s) à luta daquilo que está em causa.

Por exemplo, os professores têm gritado “A escola unida jamais será vencida” ou “Os professores unidos jamais serão vencidos”.

 

Importa, por isso, perceber a origem da célebre frase “O povo unido jamais será vencido” de que resultam todas as outras variações que citei.

E tudo começou no Chile.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

 

O grupo de música português, Brigada Víctor Jara, nasceu depois de Abril de 74, numa época em que se ansiava por liberdade, em homenagem ao cantor chileno Víctor Jara.

E porquê Víctor Jara?

 

Víctor Jara foi um poeta, cantor, compositor e resistente comunista contra Augusto Pinochet. Fê-lo de várias formas, nomeadamente através da sua música de intervenção. Quando Pinochet tomou o poder no Chile, em 11 de setembro de 1973, através de um golpe de militar em que acabaria por morrer o presidente chileno democraticamente eleito Salvador Allende, o ditador Pinochet deu ordens para assassinar de forma bárbara Víctor Jara.

Foi morto aos pontapés no Estádio Nacional de Futebol de Santiago com apenas 40 anos de idade, cinco dias depois do golpe militar.

 

O mesmo aconteceu com o escritor Pablo Neruda, também comunista e resistente contra Pinochet, e candidato à Presidência da República do Chile com o apoio do então presidente Salvador Allende. Pablo Neruda foi envenenado no hospital quando estava a fazer um tratamento a um cancro da próstata.

 

Voltando a Víctor Jara, e para percebermos a origem da famosa frase que dá o título a este texto, devemos ao amigo de Víctor Jara, Sergio Ortega, compositor da canção “Venceremos”, com o refrão inicial “El pueblo unido jamás será vencido”, depois reproduzido musicalmente por Víctor Jara atravessando, assim, as fronteiras chilenas.

 

Este slogan é hoje uma frase quase obrigatória nas revoltas populares em muitos países, usada pelo povo na luta contra regimes autoritários instalados ou em protestos coletivos onde se exige renovação e mudança.

Foi também uma frase que marcou a Revolução dos Cravos e o período conturbado no pós-revolução.

 

Como se vê esta frase veio para ficar, se está a dar frutos não sei. No caso concreto dos professores não me parece.

 

Julgo que já deu mais do que agora, até porque vivemos subjugados a novas ditaduras, dos likes, das audiências, do politicamente correto… que proliferam entre nós sem que o povo dê por isso.

 

Algumas mascaradas de liberdade ou democracia!

1 comentário

  1. Muitos pensam que esta frase é do PC português mas não e ainda bem que este artigo explica isso.
    De facto, 0 11 de Setembro de 1973 foi uma tragédia no Chile no entanto só se fala do 11 de Setembro que todos conhecem.

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