Editorial

O cabaz do advento das eleições legislativas
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Arlinda Rego Magalhães

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O Advento é entre os cristãos, e na religião católica, um tempo para preparar o nascimento de Jesus Cristo. 

Advento vem do latim “ad-venio”, que quer dizer “vir, chegar”.

Outras religiões / culturas como o islamismo, budismo, judaísmo, hinduísmo, taoísmo, xintoísmo não celebram o Natal, pois não o relacionam com o nascimento do Menino Jesus, inclusive

têm calendários próprios,  de celebração das respectivas crenças.

Não está longe a época, em que algumas mercearias ou pastelarias, criavam um cabaz de Natal, para oferecer, a um cliente sorteado.

Ou então as Igrejas paroquiais, pediam géneros alimentícios, roupas, sapatos e  até berços, para oferecerem a paroquianos com dificuldades económicas.

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É frequente o uso das palavras cabaz e Advento nesta época.

Serei ingénua talvez, mas fiquei sempre com a ideia, que as pessoas que davam mais, tinham o melhor e mais completo cabaz.

Que Deus me perdoe, pelo uso abusivo destas expressões, mas o advento das eleições, parece uma imitação precária da formação, de um cabaz. Estão todos a ver, quem dá mais, quem oferece mais regalias, quem promete com mais ou menos rigor, e sobretudo quem é que agrada mais à comunicação social.

Fiquei triste,  por ter chegado a esta conclusão!

As eleições legislativas não são anuais como os cabazes.

E sobretudo não é suposto, enganarem-se as pessoas com dificuldades económicas, com promessas e compromissos, que não foram cumpridos anteriormente. Principalmente porque se tomaram decisões precipitadas, e se fizeram escolhas aleatórias e de curta duração.

Continua a assustar-me esta precariedade política, este cabaz repleto de coisas boas, cujo cesto onde é transportado se romperá, com o peso exagerado das ofertas prometidas durante a campanha.

Se ao oferecer o cabaz, repleto de presentes/promessas, o responsável indicasse uma solução a curto, médio e longo prazo com contas, pesos e medidas certas, estou em crer,  que o necessitado agradeceria.

Menos presentes glico doces, e mais propostas de reformas profundas e eficazes, fariam desse um cabaz de luxo.

Ninguém precisa de um enorme bacalhau, se não tem uma cozinha. Assim como,  não precisa de um aquecedor, se não tem um quarto para ligar a tomada.

E também não pode casar, nem ter filhos, porque não tem casa nem emprego fixo e bem remunerado.

Por isso é que me confundem estes cabazes eleitoralistas, estes jantares aos sem abrigo, estes discursos demagógicos de alguns.

Os sem abrigo deviam ter um tecto, refeições diárias, e até um trabalho conforme as suas aptidões, durante todo o ano civil. Mas infelizmente só se fala neles no Natal.

As notícias falam de indemnizações de milhões, de aeroportos de milhões, de eleições de milhões e o resto do país continua a contar os tostões.

É um país estranho, este dos cabazes do advento legislativo!

O problema maior, é que este período longo, preenchido pelos discursos inflamados, e pelas promessas, não vai terminar com nenhum milagre, nem sequer com o Nascimento de um Messias.

Vai sim, apaziguar alguns ilustres Mecenas, cujas verbas auferidas continuam a ser investidas em colecções de arte, mansões, viagens e corrupções.

Diria até, que esta circunstância existe antes, durante e após as eleições.

Quem me dera ter o poder, de oferecer um cabaz repleto das coisas  materiais e imaterias, a cada cidadão português, de acordo com as suas necessidades.

Que este seja um advento eleitoral  sério, credível, verdadeiro e responsável!

Esperamos sempre o melhor, dos nossos representantes políticos.

Por favor, não nos desiludam!

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