Editorial

O “Rim de Albuquerque”
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Damião Cunha Velho

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Os médicos disseram-me que eu precisava de um rim para que o meu organismo funcionasse em pleno, sem necessitar de uma máquina de diálise e sujeito aos seus humores.

Não sei se era verdade. Pelo menos num médico acreditei. Pareceu-me de confiança!

Esse médico, escrupuloso, disse-me que só me fazia a operação se aparecesse um rim compatível, caso contrário não metia as mãos na massa. Não estava para isso, nem que caísse o Carmo e a Trindade.

Palavra de médico é para levar à risca.

Porém, o rim compatível que ele estava na fé que ia aparecer, não apareceu. O médico ficou à rasca porque a continuidade no seu posto de trabalho dependia daquela operação. Se ele não a realizasse, o coitado perdia o emprego.

Então, arranjou outro rim, que estava ali à mão e que não sendo do meu grupo sanguíneo, com umas marretadas daqui e outras dali, desenrascou e a operação lá se fez. Mesmo tendo o médico jurado a pés juntos que jamais me faria a operação sem ser com um rim compatível, um rim da sua total confiança.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Eu não sei se vou ficar bem, o médico vai ficar de certeza. Mantém o emprego, não vai ser penalizado por isso. Porque já ninguém se lembra que ele disse que jamais o faria, apesar de o ter dito para todos, alto e bom som! E o que fez nem parece mal. Afinal, estamos em Portugal.

No entanto, eu não esqueci e não confio em pessoas que não honram a sua palavra. Até porque eu podia viver com um só rim e sem aquele médico.

Já sem carácter, só vive bem quem não o tem!

É claro que esta história é ficcionada, mas se fosse verdadeira e depois das eleições na Madeira, apelidava este meu novo rim de “Rim de Albuquerque”!

 

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