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Vassalo Abreu: “Quem ficar à frente na sondagem que vai ser feita pelo PS é o meu candidato à Câmara de Ponte da Barca”

A um ano de concluir o terceiro e derradeiro mandato como presidente do Município de Ponte da Barca, Vassalo Abreu responde aos assuntos de momento e faz um balanço muito positivo da obra realizada desde 2005, principalmente nas áreas da educação e da ação social. Mas o edil reconhece ter “falhado” a recuperação da estrada de ligação a Braga e a atração de “indústrias não poluentes” para o concelho.

Na política desde 1969, Vassalo Abreu diz que sairá de uma sondagem a realizar localmente o próximo candidato do PS à autarquia de Ponte da Barca daqui a pouco mais de um ano.

 

Minho Digital (MD) – O Alto Minho tem vindo a ser fustigado por incêndios. Que avaliação faz em relação ao concelho a que preside?

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Ponte da Barca teve, de 1 de julho a 15 de agosto, 58 focos de incêndio, felizmente, sem grande severidade. Tivemos a ação espetacular da nossa Corporação de Bombeiros e dos sapadores florestais. O caso mais grave foi em Paradamente, no dia 11 de agosto, fruto de uma projeção.

MD – Como explica que a singular “época de incêndios” seja encarada quase como uma fatalidade?

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Acerca disso, estive, no dia 14 de agosto, numa reunião com altos responsáveis e foi lembrado um encontro ocorrido há dez anos no Governo Civil, em que o agora primeiro-ministro, à época ministro da Administração Interna, defendeu e lançou medidas que são as que ainda estão em vigor.

MD – Defende um dispositivo formatado para a prevenção. Que passos vão ser dados nesse sentido?

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O primeiro-ministro já deu instruções para organizar um grupo de trabalho no sentido de envolver as autarquias no desenvolvimento de uma ação mais objetiva sobre a questão da prevenção de incêndios.

MD – Mas as políticas de proximidade, sempre uma solução de emergência, nunca foram aplicadas?

Pois… Toda a gente o diz e todos estamos de acordo: há muitos interesses em jogo. Ou deve haver… Objetivamente, as autarquias devem ter uma participação mais ativa na questão da prevenção.

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MD – Não receia que esta vaga de incêndios se possa repercutir no turismo subtraindo turistas e visitantes ao território?

É natural que sim, e daí talvez não, por uma razão: o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), do lado de Ponte da Barca, foi poupado. De resto, a atração do nosso concelho, no que toca ao PNPG, tem muito que ver, além da floresta, com as condições existentes (Reserva Mundial da Biosfera, áreas protegidas, lagoas, castelo, espigueiros, barragens, parques de campismo, caminhadas…).

MD – Tem dito reiteradamente que o turismo é o “petróleo” de Ponte da Barca. Em que medida esta afirmação tem reflexo em termos estatísticos?

Tem, tem… Por exemplo, nos últimos dois anos, foram licenciadas 58 casas de turismo de habitação e turismo rural de qualidade. Foi inaugurado, em Oleiros, um hotel de quatro estrelas com spa; vai ser inaugurado, na vila, outro hotel de quatro estrelas; foi reaberto um hotel de duas estrelas; e já temos outro projeto para um hotel de quatro estrelas. A partir do momento em que o PNPG passou a ser Reserva Mundial da Biosfera, houve, na verdade, um “salto” na visitação. Não por acaso, a Agência de Viagens Barquense vai três vezes por dia ao aeroporto Sá Carneiro.

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MD – Que relação tem o Município com a entidade do Turismo do Porto e Norte de Portugal?

Temos uma boa relação.

MD – Em que é que isso se manifesta?

Desde logo, Ponte da Barca, a norte, foi o primeiro município a ter uma Loja de Turismo Interativa. Não aparecemos nos jornais, mas Ponte da Barca tem estado à frente em vários projetos e investimentos. Por exemplo, a única Loja do Cidadão que existe no distrito está em Ponte da Barca há muitos anos.

MD – Que outras inovações ou projetos pioneiros pretende introduzir no concelho até 2017?

Houve uma coisa que falhou no meu mandato, a questão da ligação a Braga, que é muito importante. Quero encontrar uma resolução. E, também, faltou erguer alguma indústria não poluente, porque, se quiséssemos indústria poluente, tê-la-íamos há alguns anos.

MD – Em que fase se encontram as diligências com o Governo em relação às estradas que ligam a Barca a Lindoso e a Braga?

No passado dia 12 de agosto, tivemos uma reunião, a nível da CIM, com a Infraestruturas de Portugal (IP), e o Plano [de Proximidade da IP] para 2017 prevê 3,4 milhões de euros para a recuperação e alargamento da estrada do Lindoso até à fonteira.

MD – Mas não é a solução ideal…

Também não quero um IC. Porque se construíssemos um IC, as pessoas não paravam.

MD – Que indústrias não poluentes gostaria de ver instaladas no concelho?

Por exemplo, a indústria têxtil.

MD – Que incentivos é que o Município tem promovido para captar investimentos?

O Município tem um Parque e os terrenos em S. João. É uma questão de as empresas virem mesmo.

MD – De acordo com o IEFP, havia em junho, último, 504 desempregados em Ponte da Barca. Como é que a edilidade olha para este número?

O desemprego é preocupante em todo o país. No Alto Minho, concelhos como Ponte da Barca, Arcos de Valdevez e Ponte de Lima são todos de baixa densidade. Digo isto, sem blasfémia, para mim, é indiferente que a indústria esteja na margem direita ou na margem esquerda do rio Lima. Quero é emprego na região. Mas em territórios de baixa densidade onde é que há emprego para jovens licenciados? Só se for na Função Pública. Daí que tenhamos investido mais na formação profissional.

MD – Em que medida é exequível instalar em Ponte da Barca um centro de desenvolvimento e de ciência ou um polo universitário?

Já pensei nisso e há diligências nesse sentido. Há condições, em Entre Ambos-os-Rios, para instalar equipamentos no âmbito do estudo do Ambiente. Veremos o que vai acontecer.

MD – Em que fase se encontra o anunciado Museu de Eletricidade em Paradamonte?

Tenho, aqui [na secretária], a minuta do contrato a assinar. É uma questão de marcarmos a data com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), porque com a EDP já está [assinado].

MD – Que significado vai ter este projeto para a freguesia de Britelo?

O Museu da Eletricidade será um polo de atração para toda a região, pois temos lá um equipamento de 1917: a primeira máquina que produziu energia hídrica em Portugal está em Paradamonte.

MD – O rio Lima está infestado de algas. Que diligências já fez o Município a que preside?

Já chamámos a atenção da APA.

MD – Mas sem efeitos práticos até ao momento…

O Ministério do Ambiente é que tem de se pronunciar…Espero que a situação se resolva.

MD – Está a um ano de completar o terceiro mandato e, à luz da lei de limitação de mandatos, não pode recandidatar-se. Como é que vê a lei?

Não sou a favor nem contra. Tem um lado bom, que é o de não deixar perpetuar os autarcas no poder, e um lado mau, que é dizer que o povo não é quem mais ordena.

MD – Nesta “caminhada” de 11 anos, que projetos, obras e investimentos é que destaca?

Fizemos coisas que estavam projetadas há muitos anos, casos da ponte de Lavradas, da Biblioteca Municipal, da Casa da Cultura, do edifício dos Paços do Concelho… Não posso esquecer o Estádio Municipal, os centros escolares, as creches e os centros de dia. E, depois dos investimentos na educação e na ação Social, estamos na linha da frente, com duas unidades de cuidados continuados. Também foram dados avanços consideráveis na mobilidade ou na urbanização. Gostaria de ter feito mais, mas o dinheiro não chega, pois, neste momento, temos menos dinheiro do que tínhamos em 2005.

MD – Quais as consequências das restrições de ordem financeira e legal?

Há ainda caminhos sem condições nas freguesias por causa das restrições. O Município tem excelente saúde financeira, só que não pode contrair empréstimos, porque o Tribunal de Contas não autoriza.

MD – Para suprir os atuais constrangimentos, que áreas vai o Município privilegiar no âmbito do novo Quadro Comunitário?

Privilegiaremos as áreas da regeneração urbana, saneamento, abastecimento e cultura. Neste âmbito, a Câmara vai comprar a Torre do Mosteiro de Vila Nova de Muía para proceder à sua recuperação.

MD – As fações internas têm vindo a dividir o PS de Ponte da Barca. O pior já pertence ao passado ou a situação está, ainda, por resolver?

É mesmo isso, o pior já lá vai. O PS é um grande partido, que vai apresentar uma candidatura forte.

MD – Quem se perfila como candidato natural? José Pontes, Ricardo Armada ou Sílvia Torres?

Não falo de nomes! Mas é natural que apareça mais do que um candidato a candidato. Seja como for, o assunto será resolvido. Vai ser feita uma sondagem geral e o que ficar à frente é o meu candidato.

 

 

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